O componente Nível de Consumo Atual apresentou queda de 2,7% em relação ao mês anterior e queda de 38,1% comparativamente ao mesmo período do ano passado. A maior parte das famílias declarou estar com o nível de consumo menor que o do ano passado (66,8%, ante 65,9% em maio de 2016). O índice está em 43,6 pontos.
O elevado custo do crédito, o alto nível de endividamento e o aumento do desemprego são 6,1% os principais motivadores da deterioração da intenção de compras a prazo. O componente Acesso ao Crédito teve queda de 4% na comparação mensal e de 30,2% em relação a maio de 2015.
O item Momento para Duráveis apresentou queda de 2,1% na comparação mensal. Em relação a 2015, o componente mostrou recuo de 35,8%. O índice segue abaixo da zona de indiferença. A taxa de juros para o consumidor, representada pela taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas e divulgada pelo Banco Central, está em um patamar bastante elevado e no maior valor da série iniciada em março de 2011. A taxa estava em 69,22% ao ano na divulgação referente a março de 2016 e, em abril de 2016, número mais recente, registrou 70,83%. A maior parte das famílias – 76%, ante 75,7% em maio de 2016 – considera o momento atual desfavorável para aquisição de duráveis.
Por corte de renda, as famílias com renda de até dez salários mínimos registraram queda de 2,8% no quesito Momento para Duráveis na comparação mensal, e as com renda acima de dez salários apresentaram aumento de 1,4%. Regionalmente, esse indicador variou de 55,5 pontos (Sul) a 23,4 pontos (Norte).
Perspectiva profissional
As famílias apresentaram leve queda nas perspectivas em relação ao mercado de trabalho, na
Imagemcomparação mensal, com diminuição de 0,1%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o componente apresentou recuo de 13,6%. A maior parte das famílias – 48,7% – considera negativo o cenário para os próximos seis meses. O índice registrou 92,9 pontos, atingindo, portanto, resultado abaixo da zona de indiferença (de 100 pontos).
O item Perspectiva de Consumo registrou queda de 1,5% em relação a maio de 2016. Na comparação anual, o índice apresentou recuo de 34,8%, com 54,1 pontos. Na base de comparação mensal, as famílias com renda até dez salários mínimos mostraram queda de 1,9%; e aquelas com renda acima de dez salários apresentaram aumento de 2,4%.
Diante da perspectiva de evolução mais favorável da inflação nos próximos meses, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) manteve sua projeção de retração de 4,8% no varejo restrito ao final de 2016 e revisou de -8,8% para -9,4% sua previsão de variação das vendas no varejo ampliado.
Sobre a Intenção de Consumo das Famílias:
A pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é um indicador antecedente que tem como objetivo antecipar o potencial das vendas do comércio. O indicador tem capacidade de medir, com alta precisão, a avaliação que os consumidores fazem dos aspectos importantes da condição de vida de suas famílias, tais como capacidade de consumo atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, condições de crédito, segurança no emprego e qualidade de consumo presente e futuro.
Os resultados da ICF podem ser avaliados sob dois ângulos. O primeiro é o grau de satisfação e insatisfação dos consumidores, por meio de sua dimensão, já que o índice abaixo de 100 pontos indica uma percepção de insatisfação, enquanto o acima de 100 (com limite de 200 pontos) indica o grau de satisfação em termos de seu emprego, renda e capacidade de consumo. O segundo ângulo é o da tendência desse grau de satisfação e insatisfação, por meio das variações mensais da ICF total.
A pesquisa é composta por sete itens. Quatro deles – Emprego Atual, Renda Atual, Compra a Prazo e Nível de Consumo Atual – comparam a expectativa do consumidor em relação a igual período do ano anterior. Os demais itens referem-se a perspectivas de melhoria profissional para os seis meses seguintes, expectativas de consumo para os três meses seguintes e avaliação do momento atual quanto à aquisição de bens duráveis.
Para o comércio, a ICF cumpre um papel altamente relevante, ao fundir as percepções pessoal e familiar, capturando informações em todas as unidades da Federação. Tais informações são obtidas com base em 18 mil questionários, analisados mensalmente. Outro fator que destaca a ICF ante outros indicadores antecedentes baseados na percepção do consumidor é o seu caráter de curto prazo. As avaliações do consumidor em relação ao futuro são tomadas em um horizonte que varia de três a seis meses.