O Mato Grosso Econômico traz para você que com a inflação subindo bem acima do rendimento da caderneta de poupança, o investidor que procura uma opção de investimento com liquidez diária, sem sobressaltos, deve pensar no Tesouro Direto. Mas é preciso ter em mente que, mesmo tendo a facilidade de vender e comprar a qualquer hora, esse investimento é indicado para o médio e longo prazos.
O programa do Tesouro Direto, em parceria com BMF&Bovespa, foi concebido em 2002 e serve, grosso modo, para que a União venda títulos públicos federais ou frações do Tesouro Nacional para capitalizar seus cofres sem ter de pegar dinheiro em bancos, pagando juros altos. As pessoas compram títulos ou uma fração mínima de título, de R$ 30, e esse dinheiro entra no caixa da União à vista e depois é devolvido, no prazo acordado do resgate, geralmente de médio e longo prazo, corrigido de acordo com o regulamento de cada papel.
“Em março, o programa passou por uma reformulação e ficou mais acessível, com liquidez diária, podendo o investidor comprar e vender diariamente, um atrativo que o equipara a agilidade da poupança“, explica Débora Marques, analista de finanças do Tesouro Nacional. Uma diferença importante do Tesouro Direto é que no resgate, o investidor paga imposto de renda sobre o rendimento, mas como a rentabilidade tem sido muito superior para os títulos, paga-se o IR e ainda se ganha mais.
A poupança neste ano tem rendido, em média 6% mais a taxa referencial, enquanto a inflação oficial (IPCA/IBGE) está perto de 9%, o que resulta em perda do poder de compra do dinheiro guardado no banco.
A nova alta da taxa Selic, nesta quarta-feira (29), também favorece o investimento no Tesouro Direto. Na sétima alta consecutiva, a taxa básica de juros da economia brasileira saltou de 13,75% para 14,25% ao ano.
"O risco é mínimo. O Tesouro Direto é muito interessante agora porque a principal influência para esse investimento é a Selic, taxa que está em alta, assim como a inflação. Dá retorno considerável que dificilmente se consegue em outro investimento", explica Fabrício Tota, gerente de home broker da corretora Socopa, forte na venda dos títulos.
Entenda o Tesouro Direto:
Os pontos fortes do investimento são:
– Segurança – 100% garantido pelo Tesouro Nacional
– Adquirido com registro no CPF, o que facilita para migração de um banco para outro, ou de agente financeiro para outro. Resgate e pagamentos também só são realizados em conta vinculada ao CPF.
– Garante a rentabilidade contratada, desde que o resgate seja feita no prazo contratado. Não sofre desvalorização em relação ao que foi contratado.
– Acessibilidade – é um investimento democrático.Com apenas R$ 30 é possível investir, em uma fração mínima, de 1% do título.
– Todas as transações são feitas em ambiente online
Um ponto importante, recomendado por educadores financeiros: qualquer investimento deve ser feito levando em conta, principalmente, o prazo que você pode abrir mão daquele recurso. Por isso, programação é fundamental para nortear suas escolhas.
Caso precise vender antes do prazo contratado, o investidor terá de se submeter a lei da oferta e procura do mercado de títulos. Exemplo, se o título em questão estiver sendo muito vendido, fica mais barato e perde um pouco a rentabilidade. “Ou você ganha o que contratou ou ganha mais, se vende em momento de disputa”, explica Débora.
A ferramenta Orientador Financeiro ajuda o investidor a decidir que título comprar, por meio de simulações de aplicações, conjugadas com tempo de aplicação e valores, descontando o IR que será cobrado no resgate. Fácil, simples e rápido.
A ferramenta faz o cruzamentos de pontos que devem ser considerados na hora de fazer a compra do título, como qual o melhor investimento para o perfil de cada um, segundo o objetivo, tempo de aplicação, fluxo de remuneração.
O Tesouro tem ainda no seu site um ambiente onde estão elencadas as instituições que podem comercializar o Tesouro Direto, além de taxas cobradas pelas vendas e um ranking das que mais negociam os títulos garantidos pela União. A atualização destes dados são mensais, segundo o órgão.
“Muitas corretoras e agentes financeiros aptos para a venda do Tesouro Direto não cobram taxa de administração porque esse é um investimento considerado a porta de entrada da pessoa física no mercado financeiro”, explica Tota.
Entenda para qual perfil de investidor os títulos são direcionados
Prefixados
Com essa modalidade de título, a remuneração ocorre de uma só vez, no final da aplicação. Sendo assim, é mais interessante para quem pode esperar receber o seu dinheiro até o final do período do investimento. É indicado para quem não necessita complementar sua renda desde já.
1) Tesouro Prefixado
Mantendo o título até o vencimento, você receberá R$ 1 mil para cada unidade do papel (se você comprar uma fração de título, o recebimento será proporcional ao percentual adquirido). A diferença entre esse valor recebido no final da aplicação e o valor pago no momento da compra representa a rentabilidade do título. (Confira explicação detalhada aqui.)
Caso venda o título antecipadamente, o Tesouro Nacional pagará o seu valor de mercado, de modo que a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada na data da compra, dependendo do preço do título no momento da venda, baseado na oferta e procura. O Tesouro recomenda que o investidor concilie a data de vencimento do título com o prazo desejado para o investimento. É interessante para quem não precisa do rendimento no curto prazo, mas não quer que seu montante se desvalorize.
2) Tesouro Prefixado com Juros Semestrais
É o mais indicado para quem deseja utilizar seus rendimentos para complementar sua renda a partir do momento da aplicação, pois esse título faz pagamento de juros a cada seis meses. Isso significa que o rendimento é recebido pelo investidor ao longo do período da aplicação, diferentemente do título Tesouro Prefixado, que paga tudo no final da aplicação, no momento do resgate. Os pagamentos semestrais, nesse caso, representam uma antecipação da rentabilidade contratada. Atenção: no pagamento desses rendimentos semestrais há incidência de imposto de renda, obedecendo a tabela regressiva.
Pós-fixados
1) Tesouro Selic
A rentabilidade desse título é indexada à taxa de juros básica da economia, a Selic. Ele é indicado para quem acredita que a tendência da taxa é de elevação
– O valor de mercado desse título apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada. Por essa razão, é considerado um título indicado para um perfil mais conservador. É indicado também para o investidor que não sabe exatamente quando precisará resgatar seu investimento.
Com essa modalidade de título, a remuneração ocorre de uma só vez, no final da aplicação. É mais interessante para quem pode esperar para receber o seu dinheiro até o final do período da aplicação. Caso queira vender o título antes do seu vencimento, o Tesouro Nacional o recomprará pelo seu valor de mercado.
2) Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais
Esse título proporciona rentabilidade real, pois seu rendimento é baseado na variação da inflação oficial (IPCA) acrescida de uma taxa de juros prefixada. Desse modo, a rentabilidade total do título sempre será superior à inflação porque além de acompanhar sua volatilidade tem ainda uma taxa de juros prefixada, contratada no momento da compra do título.
É mais interessante para quem deseja utilizar o rendimento para complementar sua renda a partir do momento da aplicação, pois faz pagamento de juros a cada semestre. Isso significa que o rendimento é recebido pelo investidor ao longo do período da aplicação, em vez de receber tudo no final. Os pagamentos semestrais, nesse caso, representam uma antecipação da rentabilidade contratada. Atenção: no pagamento desses rendimentos semestrais há incidência de imposto de renda, obedecendo a tabela regressiva. Na data de vencimento do título, você resgata o valor investido atualizado pela inflação e pela taxa de juros prefixada, acrescido do último pagamento de juros semestrais.
3) Tesouro IPCA+
Proporciona rentabilidade real, pois garante o aumento do poder de compra do seu dinheiro, sendo o rendimento composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA). Desse modo, independente da variação da inflação, a rentabilidade total do título sempre será superior a ela. A rentabilidade real, nesse caso, é dada pela taxa de juros prefixada, contratada no momento da compra do título.
Dada essa característica, aliada ao fato de esse título possuir disponibilidades de vencimentos mais longos, ele é indicado para quem deseja poupar para a aposentadoria, compra de casa e estudo dos filhos, dentre outros objetivos de longo prazo.
Com essa modalidade de título, a remuneração ocorre de uma só vez, no final da aplicação. É mais interessante para quem pode esperar para receber o seu dinheiro até o final do período da aplicação.