Cuiabá sediou, entre os dias 23 e 24 de maio, o 3º Congresso Internacional de Sustentabilidade para Pequenos Negócios (CICLOS). O evento reuniu especialistas e pesquisadores de todo mundo debatendo temas como economia global, água, eficiência energética, boas relações na cadeia produtiva, desenvolvimento local sustentável, consumo consciente, a sustentabilidade e os mercados globais, inovação e tecnologia como estratégia para sustentabilidade e produtividade.
Essa foi a terceira edição do evento que é realizado pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) – Meio Ambiente e da Águas Cuiabá. O Congresso aconteceu no Centro de Eventos do Pantanal.
A transição das cidades para um novo modelo, adequado ao século 21, e o bem estar nos centros urbanos foi um dos eixos centrais do Congresso, denominado “Cidades Inteligentes”. Foram apresentados inúmeros projetos, programas e propostas já implantados ou que visam preparar as cidades para próximas décadas, considerando, especialmente, os impactos provocados pelas mudanças climáticas.
Mobilidade urbana, energia sustentável e renovável, tratamento adequado dos resíduos sólidos (lixo) e saneamento básico são questões que os grandes centros urbanos precisam resolver, visando a preservação ambiental e a diminuição dos impactos do aquecimento global, além de garantir uma boa qualidade de vida a população.
O tema é de fundamental importância para Cuiabá, cidade onde os habitantes já sofrem com o clima natural quente, sempre acima da média nacional, cuja tendência é se agravar com as mudanças climáticas. Além das altas temperaturas, Cuiabá enfrenta inúmeros outros problemas que dificultam a sustentabilidade, como saneamento, dificuldade com mobilidade – com alto índice de veículos transitando e transporte público precário – além da baixa qualidade do tratamento adequado de resíduos sólidos (lixo).
A prefeitura de Cuiabá informou que o índice atual de saneamento da capital é de 57,5%, acima da média nacional que é de 45%. Até o final de 2019 será 61% e até 2024, 98%. Inúmeros investimentos têm sido realizados na cidade, segundo o poder público municipal.
Programas
No Congresso, durante o painel “Cidades em Transição”, representantes da ONU e da União Européia apresentaram programas que já estão em andamento visando transformar as cidades em espaços sustentáveis.
Uma das palestras apresentou o trabalho desenvolvido pela ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, uma rede global de mais de 1.750 governos locais (municípios) e regionais comprometidos com o desenvolvimento urbano sustentável. Ativa em mais de 100 países, a rede atua para influenciar as políticas de sustentabilidade e impulsionar a ação local para o desenvolvimento de baixo carbono, baseado na natureza, equitativo, resiliente e circular.
O conselheiro da União Europeia no Brasil, Rui Ludovino, falou sobre a cooperação dos países europeus com países da América Latina e Caribe para o desenvolvimento de projetos de sustentabilidade. “O mundo hoje consome 1.4 dos recursos que a Terra pode produzir, isto é 40% a mais do que o planeta é capaz de produzir. Se levarmos este número apenas para a Europa, cresce para 2.4, o que representa 140% acima da capacidade da Terra. É urgente a busca de conscientização de consumo e uso racional dos recursos naturais”.
Ele destacou o Pacto Global dos Prefeitos para o Clima e Energia, outra rede de atuação que engloba 98 cidades e do qual Cuiabá acaba de ingressar. “É nas cidades que a vida das pessoas acontece, então as cidades precisam ser protagonistas no acordo em relação as mudanças climáticas – Acordo de Paris”, enfatizou o representante da União Européia.
O Gestor de Sustentabilidade da Prefeitura de Cuiabá, Alex Vieira de Deus presente no evento, disse ao MT Econômico que o município tem desenvolvido ações buscando a sustentabilidade local. “Em novembro de 2018, iniciamos a adesão como cidade signatária do “Pacto Global da Onu” (Unglobal Compact). Para isso foi criado um Grupo de Trabalho Especial dentro da Prefeitura, coordenado pela Gestão de Sustentabilidade, que passa a estruturar as informações, metas, indicadores, primeiro dentro da prefeitura, em seguida com demais segmentos, com todas as esferas de governo, sociedade, iniciativa privada e organizações.
De acordo com Alex, em 2017, a capital ganhou 35 posições no Ranking Connected Smart Cities, saltando da 79ª posição para a 44ª. O estudo, elaborado pela empresa especializada em inteligência de mercado e geoprocessamento, Urban Systems, dentre outros indicadores, avaliou as ações de Prefeitura para as áreas de energia, tecnologia e inovação, vias pavimentadas, arborização e cobertura do serviço de coleta de resíduos.
Outro tema abordado no evento foi relacionado às Florestas Inteligentes. Veja mais sobre esse assunto em outra matéria especial do MT Econômico neste link.