Segundo a Fenabrave, os licenciamentos de carros comerciais leves, caminhões e ônibus novos no Brasil, em março de 2020, recuaram 18,6% em relação a fevereiro deste ano.
A queda também ocorreu nas vendas de veículos na análise anual. Se compararmos março de 2020 em relação ao mesmo mês de 2019, o número de veículos vendidos foi de 209.148 mil unidades, uma queda significativa de 21,78%.
O total de vendas de veículos novos no mês somaram 163,63 mil unidades, totalizando um acúmulo de 558,018 mil unidades, contra 607.557 mil unidades, no mesmo período, de 2019, resultando em uma diminuição da comercialização de 8,15%[1].
Segundo a entidade, foi o pior resultado acorrido desde 2006, e se espera do mês de abril resultados ainda inferiores. Sobre a abertura do comércio, as expectativas não são promissoras, há um cenário de precaução por parte dos governantes e da população com relação ao afrouxamento das medidas de proteção contra a pandemia, e se entende que mesmo que se façam medidas para que isso ocorra, os empresários não acreditam que o mercado possa reagir.
Só o fechamento do comércio não é fator para o baixo consumo, existem outros fatores que devem ser observados, como a condição econômica, financeira e emocional, não só do consumidor, como também dos empresários e do governo.
Abrir as empresas, não surtirá o efeito necessário para que todos possam caminhar tranquilos. O coronavírus é um problema de saúde pública grave e sem dúvida, traz com ele, uma onda negativa do tamanho de um tsunami, que preocupa sobre o futuro. A palavra “precaução” vem antes de tudo. Além de que, é um problema mundial com inúmeras circunstâncias ainda em jogo, que para o mundo globalizado e conectado pode apresentar desafios ainda desconhecidos. Perguntas devem ser respondidas para que o mercado possa seguir por mares mais tranquilos. Tais como: o vírus é controlável? Vai surgir uma vacina? Quanto tempo ainda o vírus vai infectar as principais nações do mundo? Tais questões precisam de respostas para que as empresas e consumidores, voltem a pensar em outras coisas.
Com relação ao carro usado, no Brasil e em Mato Grosso, a coisa é a mesma. Em nosso Estado foram comercializados, no mês de março de 2020, 22.55 mil unidades de veículos, com uma média diária de 1.025mil unidades de transferências diárias, contra 23.06mil unidades de vendas que foram registradas em fevereiro e 1.214 carros vendidos por dia.
Estes números revelam queda de 2,2% nas vendas entre março e fevereiro, mas deve-se ressaltar que março de 2019 foram vendidas 25.577 mil unidades de veículos usados, registrando, quando se comparado os anos, um declínio de 11,8% para o mesmo mês de março.
Temos de lembrar que o mês de janeiro de 2020, vendeu 28.841 mil unidades de veículos e teve uma média diária de 1.311 unidades comercializadas, o que prova, março ter sido atípico, muito porque o mercado de seminovos e usados em Mato Grosso, há muito tempo, vinha registrando carecimentos significativos, desta forma, colocando um ponto de interrogação sobre o futuro.
É bom lembrar que fevereiro, sob uma ótica de dias corridos, contém menos dias úteis, daí a gravidade dos efeitos causados pelo coronavírus evidente. O mercado necessita, antes de tudo, de previsibilidade, tanto o empreendedor como o consumidor assume risco, mas risco calculado. A tranquilidade vem de análises das condições do mercado, onde se observe, uma linha de ondas que sejam possíveis de se navegar sem riscos de tempestades. Só assim os investidores, empreendedores e consumidores se sentem seguros em aplicar seus esforços em novos empreendimentos.
Acreditamos que o ano de 2020 será desafiador para setor de vendas de veículos novos e usados, o cenário atual não mostra oportunidades promissoras para o setor. A cadeia produtiva está cautelosa. As financeiras, importantes no processo, não se posicionaram com relação ao futuro, muito pelas condições decisivas, as quais os financiamentos e os juros, fator crucial para aquisição de um carro, ainda estão sem uma definição segura para se oferecer crédito.
Está tudo ainda em aberto, afinal a economia é globalizada, e caso ocorra um agravamento das condições de saúde pública no mundo, pode haver grandes mudanças. Esse é um momento muito novo para todos envolvidos e já sabemos que se deve ter cautela de fato. Apesar da cautela, para os representantes do setor de usados, todo esse problema passará, muito porque sabemos que o homem se reinventa. O mercado de comercialização de veículos, tanto novos como usados, tem mecanismos de sobrevivência, e deve se adequar a nova realidade, se caso for necessário.
Semana passada, a AGENCIAUTO/MT – Associação dos Revendedores de veículos do Estado de Mato Grosso, enviou ao governo do Estado e do município de Cuiabá, ofício que defende existir totais condições para o funcionamento do setor diante da pandemia, desta maneira possibilitando a abertura do comércio de veículos, adotando medidas de controle de acesso e de limitação do público nas áreas internas e externas, de modo a evitar aglomerações e a resguardar a distância mínima de dois metros entre todas as pessoas, bem como todas as recomendações preconizadas pelos órgãos de saúde quanto à necessidade de higienização do respectivo local e dos produtos ofertados.
As lojas de revenda de veículos seminovos e usados tem características tais que possibilitam o seu funcionamento, atendendo às condições como:
1º – Criação de horário reduzido de atendimento, utilizando para esse atendimento, apenas um funcionário devidamente protegido para o contato com o consumidor, mantendo o veículo dentro das condições máximas de higienização;
2º – O atendimento presencial, somente para a entrega do carro já negociado, utilizando o “sistema off-line”, ou seja, toda negociação deverá ser realizada via rede e somente será feito o contato no momento da entrega;
3º – Na entrega do carro negociado, a loja somente receberá o comprador;
4º – Realização de escalas de trabalho;
5º – A disponibilização de água e sabão, de álcool gel 70%;
6º – Proibição da circulação de pessoas do “Grupo de Risco”, e a manutenção de distância mínima de 1,5m entre os o representante da loja e o comprador;
7º – Entrega na residência, sistema “delivery”;
8º – Cuidados, limpeza do pátio, dos veículos e geral;
9º – Afixação de notificação dos regulamentos;
10º – Campanha, via AGENCIAUTO E SINDERV, sobre atendimento;
Nada será como antes, mas isso não significa que será pior. Nesta hora devemos ter fé em Deus e na capacidade do homem de sobreviver, o que já vimos, aconteceu muitas vezes.
[1] Fonte de dados sobre mercado de veículos: site Oficial da FENABRAVE – http://www.fenabrave.org.br/portal/conteudo/emplacamentos – Acesso dia 19/04/2020.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo J. J. Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
Leia mais – Opinião: Com coronavírus, o que será do mercado do automóvel?