Quase 20% da população mato-grossense têm relação direta com o cooperativismo, seja como cooperado ou funcionário do sistema. Dados do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso (Sistema OCB/MT) confirmam o tamanho desse impacto. Dos mais de 3,52 milhões de habitantes de Mato Grosso, 685.534 têm relação direta com o cooperativismo.
Ainda de acordo com a estatística, o crescimento dessa fatia da população tem se mostrado gradual ao longo dos anos. Nos últimos dez anos, o crescimento chegou a 202%, já que o número era de 228.132 pessoas em 2010. Significa que na última década, 457.402 passaram a integrar o sistema.
Para o superintendente da OCB/MT, Frederico Azevedo, as projeções de crescimento continuam favoráveis. Em alguns setores, o cooperativismo já é forte e presente em Mato Grosso, como é o caso das cooperativas de Agropecuárias e de Crédito. Porém, em outras esferas, como a de Trabalho, por exemplo, há muito o que se explorar.
Somente entre os anos de 2019 e 2020, o número de cooperativas aumentou 10%, passando de 147 para 162. Entre os setores que mais apresentaram avanços no quesito ampliação das unidades está o Agropecuário (7) – que já é uma aptidão econômica do Estado -, além de Saúde (3) e Trabalho (2).
Contudo, apesar da pujança, Azevedo diz que é preciso ter atenção porque, mais do que o aumento do número de cooperativas, o objetivo da OCB/MT é construir negócios sólidos e que tragam o renascimento e fortalecimento das economias locais, bem como o resultado para o cooperado.
Dentro deste contexto, ele lembra que, em alguns casos, mas compensa fortalecer uma cooperativa instalada do que criar outra ou até mesmo unir esforços e compartilhar conhecimento para melhorar a qualidade produtiva e por consequência os ganhos.
“Temos que ter uma rede que faça sentido. Então, por esse motivo, oferecemos ajuda para a montagem e desenvolvimento de projetos com informações essenciais para um empreendimento como produção local, população, consumo e logística”, explica o superintendente.
MOTIVOS DO CRESCIMENTO – Na avaliação do vice-presidente da OCB/MT, João Carlos Spenthof, os avanços são resultado do próprio trabalho das cooperativas, que mostraram solidez e credibilidade.
“Acredito que a expansão aconteceu por conta do conhecimento da atuação das cooperativas (por parte da população) na prática, pelos negócios realizados e pelas mudanças que o próprio cooperativismo passou nos últimos 20 anos”, argumenta Spenthof.
O vice-presidente conta que “desde 2012 a governança está profissionalizando e existe uma partilha nos espaços entre os conselheiros eleitos, os profissionais e executivos de mercado contratados. O regime de governança foi uma das exigências a princípio do Banco Central sobre as cooperativas de crédito, mas logo se expandiu para as cooperativas de outros setores, como o ramo Agropecuário”.
Paralelo às mudanças na forma de gestão, foram agregadas as vantagens oferecidas pelas cooperativas que transformavam o produto local mais competitivo, ressalta Spenthof. Ele lembra que, como as cooperativas não geram lucro, as empresas atravessadoras e intermediárias que atuavam na compra de insumos e venda da produção tornaram-se desinteressantes ao produtor.
“O que o cooperado deixou de perder nas transações passou a ser distribuído na própria cidade, fazendo girar a economia local”, concluiu.
Um exemplo visível disso, explica Spenthof, está nas cooperativas de crédito. Elas abriram unidades onde os bancos deixaram de atender e, assim, passaram a oxigenar o comércio local apenas com o recebimento dos aposentados, por exemplo.
“Como eles tinham que se deslocar, deixavam parte do dinheiro na cidade onde faziam o saque. Um recurso que saía da cidade. Da mesma forma entra o R$ 1 por saca, por exemplo, do produtor que conseguiu vender melhor o seu produto no mercado ou que economizou, por meio das cooperativas, para compra de insumos”, finaliza.