No terceiro trimestre de 2021, Mato Grosso foi o estado brasileiro que mais contabilizou queda no total de bovinos abatidos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Mesmo sendo líder nacional na produção de carne vermelha e detentor do maior rebanho do País há recuo de 19,8% na comparação com igual período do ano passado, considerando os meses de julho, agosto e setembro. Conforme resultados da Estatística da Produção Pecuária, divulgada pelo IBGE, o Estado reduziu em 279,94 mil cabeças o abate entre o período analisado. A retração registrada no Estado superou a queda contabilizada no País, que foi de pouco mais de 10%.
No 3ª trimestre do ano passado, Mato Grosso abateu 1,41 bilhão de bovinos e nesse mesmo intervalo de 2021 reduziu para 1,36 bilhão, o que gera a retração anual de quase 20%.
Entre julho e setembro deste ano foram abatidos 6,94 milhões de cabeças de bovinos no País, queda de 10,7% ante o 3° trimestre de 2020 e de 2% frente ao 2º trimestre. Foi o resultado mais baixo para um segundo trimestre desde 2004. O mês de melhor desempenho no trimestre foi agosto, (2,52 milhões de cabeças) e setembro foi o de menor atividade (1,91 milhão de cabeças).
O abate de 829,71 mil cabeças de bovinos, a menos no Brasil no 3º trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, foi ocasionado por reduções em 21 das 27 Unidades da Federação (UFs). Entre aquelas com participação acima de 1%, as reduções mais significativas ocorreram em: Mato Grosso (-279,94 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (-218,62 mil cabeças), Rio Grande do Sul (-131,21 mil cabeças), Rondônia (-83,84 mil cabeças), Paraná (-78,61 mil cabeças), São Paulo (-49,01 mil cabeças) e Santa Catarina (-31,23 mil cabeças). Em contrapartida, as maiores altas ocorreram em: Goiás (+38,15 mil cabeças), Tocantins (+37,15 mil cabeças) e Minas Gerais (+19,08 mil cabeças).
No ranking das UFs, Mato Grosso continua liderando o abate de bovinos, com 16,4% da participação nacional, seguido por São Paulo (10,9%), e Goiás (10,8%). Mato Grosso do Sul, segundo colocado no 3º trimestre de 2020, caiu para a quarta posição, após a queda de 24,4% no número de cabeças abatidas em comparação com o contabilizado período desta Pesquisa.
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Mato Grosso manteve ainda a liderança no ranking de estados exportadores ao enviar 114,42 mil toneladas de carne bovina ao exterior, incremento de 9,5% sobre o 3º trimestre de 2020. Os principais destinos, em termos de volume exportado pelo Estado foram: China (56,1%), Chile (7,4%) e Egito (5,4%). São Paulo e Goiás seguiram na segunda e terceira posições, exportando, respectivamente, 94,14 mil toneladas e 89,38 mil toneladas de carne. Em comparação com o 3º trimestre de 2020, considerando os Estados com participação acima de 1% nas exportações nacionais, as variações positivas mais expressivas ocorreram em Goiás (+17,77 mil toneladas), Minas Gerais (+10,45 mil toneladas) e Mato Grosso (+9,91 mil toneladas). Em contrapartida, a retração mais significativa ocorreu no Rio Grande do Sul (-4,38 mil toneladas)
Como destacam os analistas do IBGE, no abate de bovinos, manteve-se a tendência iniciada em 2020, com a retenção de fêmeas por conta do elevado preço do bezerro. Apesar da retração do abate, o volume de carne bovina in natura exportada foi o mais elevado para um trimestre, considerando a série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/ME), com recordes para os meses de agosto e setembro, 181,6 mil toneladas e 187,0 mil toneladas, respectivamente.
“O preço do boi vem subindo por conta de um abate de fêmeas elevado até 2019, o que fez faltar bezerros. Agora os produtores estão retendo mais fêmeas para criar bezerros. Além dessa retenção, houve restrições de exportação para a China, a partir de setembro, o que contribuiu para reduzir o abate. A porcentagem de carne exportada atingiu níveis recordes acima de 30% do total produzido, em equivalência de carcaças. O mercado externo estava com alta participação e esse baque das restrições da China, que responde por quase 60% das exportações de carne brasileira, levou muitos frigoríficos a reduzir o abate. Já os frigoríficos que atendem ao mercado interno estavam trabalhando com margens baixas ou até negativas e isso também desestimula o abate”, diz o supervisor da pesquisa.