Apesar de todos os percalços de mais um ano pandêmico, 2021 vai terminando com saldo positivo para o agronegócio estadual. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), novos recordes devem ser registrados, a demanda se manterá aquecida, mas é preciso ficar atento ao clima e aos custos de produção da nova safra, a 2022/23.
Anteontem, por meio de uma live, o Imea apresentou uma visão geral do que a agricultura e a pecuária de Mato Grosso podem esperar para 2022, o que está acontecendo no mercado internacional, na economia brasileira e os impactos para as principais cadeias produtivas do estado. A live teve a participação do presidente do Sistema Famato, Normando Corral, do superintendente do Imea, Cleiton Gauer, e da coordenadora de Desenvolvimento Regional, Vanessa Gasch.
“O ano de 2021 para o setor está terminando no geral melhor do que 2020, quando começou a pandemia. Em relação à atividade do agro, o setor tem ido bem e contribuído às necessidades do mundo para alimentos”, avaliou o presidente Normando Corral na abertura do evento.
Segundo o Instituto, a safra de soja 2021/22 do Estado deve atingir 38,14 milhões de toneladas, um crescimento de 5,5% em relação ao ciclo anterior. A área destinada ao cultivo da oleaginosa está estimada em 10,85 milhões de hectares, representando um aumento de 3,6% em comparação à safra passada.
“Este crescimento da produção é reflexo dos preços e da demanda mundial elevada, assim como o adiantamento do período das chuvas, que colaborou para o avanço da semeadura em tempo recorde em Mato Grosso”, afirmou o superintendente.
As previsões de chuvas para o início de 2022 continuam indicando volumes acima da média dos anos anteriores, especialmente no período da colheita, o que deve ficar no radar dos produtores. Outro ponto que merece alerta são os custos de produção. Segundo Gauer, os preços dos insumos já indicam aumento de custos para os agricultores e isso pode comprimir a rentabilidade do setor na próxima temporada. Diante deste cenário, as vendas antecipadas para a próxima safra ainda caminham lentamente.
ATENÇÃO – O alerta especial é para os custos da safra 2022/23, semeada somente a partir de setembro de 2022, que já se apresentam mais elevados. No cenário atual a expectativa do instituto é que o custo operacional total para a produção de um hectare de soja seja de R$ 4.357,16 na safra 2021/22 e suba para R$ 6.146,03 no ciclo 2022/23. A projeção, se confirmada, representará uma alta anual de mais de 41%, percentual que merece muita atenção do produtor na hora de efetivar compras e ou assinar contratos de vendas a termo.
No caso do milho, a previsão é passar de R$ 3.563,51 para R$ 4.448,53 no mesmo período. E para o algodão a estimativa é aumentar de R$ 14.853,53 para R$ 16.576,03 por hectare.
“A certeza que o produtor tem hoje é de um custo mais elevado. O próximo ano será desafiador. O produtor precisará ter o controle de tudo e verificar se vale a pena fazer determinado investimento. Não existe um ano certo para investir, mas existe a estrutura e o momento certo para cada produtor. É necessário ficar atento às condições e não dar passo maior do que a perna”, destacou Gauer.
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CULTURAS – Para o milho a área prevista para o plantio da segunda safra de milho em 2022, em Mato Grosso, é de 6,23 milhões de hectares, um aumento de 6,2% ante à anterior. Em relação à produção, a estimativa para o cereal é atingir 39,65 milhões de toneladas, 17,9% a mais do que na safra passada. A produtividade média prevista é de 106,09 sacas por hectare.
Olhando para o fator climático, o superintendente informou que, apesar de ser um ponto decisivo para a safra de milho no Estado, os modelos climáticos da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) apontam volumes acima da média dos últimos cinco anos para a maior parte do Estado no mês de janeiro, quando começa a semeadura do cereal, ou seja, um fator positivo para a cultura.
Para o ciclo 2021/22 do algodão a expectativa é produzir 4,77 milhões de toneladas em uma área de 1,10 milhão de hectares, crescimento de 15,9% e 12,8% respectivamente.
De acordo com o Instituto, a pecuária registrou uma queda de 12,1% no volume de abates em 2021, somando 4,26 milhões de cabeças. O resultado também é reflexo da estratégia de retenção de fêmeas. Os preços e as práticas de confinamento foram afetados com a suspensão da China para as compras da carne bovina brasileira, após dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “Doença da Vaca Louca”, sendo um deles em Mato Grosso.
Está previsto para o próximo ano uma menor volatilidade nos preços e aumento de oferta de animais.
Na pecuária leiteira, a captação de leite no Estado atingiu este ano 300 milhões de litros, uma queda de 9,2% em relação ao ano anterior causada pela seca, desestímulos ao setor, produtores deixando a atividade e o cenário de retenção de fêmeas. Olhando para o sistema de recria e engorda, os custos com a aquisição de animais acabou pesando devido à valorização do bezerro.