Executivos da Petrobras têm alertado o governo federal que faltará diesel no País, se o Executivo decidir segurar o preço do combustível. O alerta tem sido feito desde o início do ano e foi reforçado nos últimos dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu fazer novas mudanças na estatal. O aumento mais recente, de quase 9%, foi concedido no início de maio para garantir que os importadores pudessem seguir importando o produto sem risco de prejuízo no País.
Chama à atenção o alerta, porque a matriz já vive um cenário de preços recordes. Tanto na média nacional como em Mato Grosso. Cerca de 70% de todo o óleo diesel consumido no Estado é demandado pela cadeia do agronegócio. Como divulgado ontem pelo MT Econômico, o preço médio do óleo diesel no Estado chegou a R$ 7,192, atingindo o maior valor nominal da série histórica, iniciada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 2004. O valor inédito também é registrado no País, cuja média ficou em R$ 6,943, também uma marca histórica.
As médias compreendem o período de 15 a 21 de maio de 2022 e não consideram os valores do óleo diesel S10, que foi incluído nos levantamentos da ANP somente a partir de 2013.
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O valor de Mato Grosso é 51% maior em comparação ao fechamento de maio do ano passado, quando o litro havia registrado R$ 4,754. O preço médio atual é histórico. O maior valor encontrado no Estado, entre os 59 postos pesquisados pela ANP no período de 15 a 21 deste mês, foi de R$ 7,900, em Alta Floresta, cidade a 800 quilômetros ao norte de Cuiabá.
CONTEXTO NACIONAL – Em relação ao último anúncio de alta sobre o diesel, o presidente Bolsonaro não teria gostado do aumento e decidiu demitir tanto o ministro de Minas e Energia como o presidente da petroleira e cobrar mudanças na sistemática de reajuste de preços.
Atualmente, cerca de 30% do diesel consumido no País é importado, porque as refinarias instaladas no Brasil não têm capacidade para refinar todo. Por isso, se o preço lá fora fica mais caro do que no País, os importadores deixam de trazer o produto.
A saída para o governo federal evitar um desabastecimento seria a Petrobras bancar essa conta, importando o produto mais caro para vender mais barato no mercado interno. Só que, pelas regras atuais do estatuto da Companhia, quem paga essa conta é a União, e não a petroleira. Aí, seria preciso mudar o estatuto, o que a atual diretoria não aceita.
Por isso, a decisão de trocar não só os membros do conselho de administração como também a diretoria da empresa para promover essas mudanças.
Além disso, caso queira segurar os preços dos combustíveis durante as eleições, o governo teria também que abrir uma exceção nas regras da empresa para que a paridade de preço de importação ficasse suspensa durante um período, como o atual, influenciado por uma guerra.
Se não mudar essas regras, a estatal precisa chegar ao final do ano com seus preços equiparados aos do mercado internacional.
Caso contrário, a União também tem de bancar essa conta ou fica sujeita a ações na Justiça de ressarcimento, tanto aqui como lá fora, já que a empresa tem ações negociadas na bolsa de Nova York. (Com informações Globo News)
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