Após percorrer o oeste e médio norte de Mato Grosso, duas equipes do Rally da Safra 2022 estarão no sudeste do Estado para avaliar lavouras de milho segunda safra. Desde a última terça-feira (24), técnicos estão visitando importantes regiões produtoras como Primavera do Leste, Rondonópolis, Itiquira, Chapadão do Sul em Mato Grosso do Sul até chegar ao sudoeste goiano, visitando áreas em Mineiros, Jataí e Rio Verde.
A expedição irá dimensionar o potencial produtivo desta segunda safra de milho que registra o plantio mais adiantado da história e altos investimentos em tecnologia. “O Mato Grosso teve um ótimo início de safra, com plantio antecipado e condições climáticas favoráveis na implantação. No Estado, 80% das áreas foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco – até a terceira semana de fevereiro”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra. Já em Goiás, 42% das lavouras foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco, diante do excesso de chuvas na colheita da soja, que estendeu o plantio do milho.
Apesar do bom início de safra, a estiagem em abril trouxe dificuldades para o desenvolvimento das lavouras na maior parte do Centro-Oeste. “Observamos um comportamento climático favorável à safra no início de março, com bom volume de chuvas em Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. No final do mês, a irregularidade de chuvas atingiu o estado de Goiás. Abril chegou com pouco ou quase nada de chuva. Algumas regiões ficaram sem chuvas entre 30 e 40 dias”, afirma.
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Segundo o coordenador do Rally, é importante observar as condições climáticas que causam perdas de produtividade e cruzá-las com os dados do plantio. “Quanto maior a antecipação na implantação das lavouras, maior foi a parcela das lavouras que pendoaram em condições climáticas favoráveis. Apesar do clima seco em abril em Mato Grosso, podemos afirmar que 73% das lavouras pendoaram com boas condições de chuvas e não devem ser severamente afetadas pela seca. Ao olharmos para Goiás, a situação é bem distinta. Em Goiás, 24% das lavouras pendoaram com condições de chuvas regulares. Certamente o peso da estiagem de abril, e que perdura em maio em algumas regiões, é maior nesse estado”, relata.
Ainda que a irregularidade climática traga dificuldades aos produtores e quebras em algumas regiões, as perspectivas de produtividade são boas em comparação com a safra passada. Mato Grosso poderá chegar a 101 sacos por hectare na safra 21/22, contra 95 na temporada passada. Já Goiás poderá alcançar 84 sacas por hectare (68 na safra 20/21). Em relação às estimativas de janeiro último, há queda de 7% na produtividade em Mato Grosso e 24% em Goiás.
Diante desse cenário, a Agroconsult, organizadora do Rally, projeta uma safra de 87,6 milhões de toneladas – redução de 4,6 milhões de toneladas sobre a perspectiva de janeiro – para uma área de 15,8 milhões de hectares. Trata-se de uma safra recorde – em 20/21, o Brasil colheu 60,9 milhões de toneladas de milho segunda safra, em 14,7 milhões de hectares. A safra total de milho é estimada em 113 milhões de toneladas, com crescimento de 29,6% sobre a anterior.
“É um momento importante para conhecermos os efeitos da estiagem no campo, a partir da nossa metodologia, com leitura do peso dos grãos e população de plantas. Temos também alta infestação de cigarrinhas em todas as regiões produtoras, o que poderá reduzir a produtividade, mas isso só ficará mais claro durante a colheita, se houver tombamento das lavouras. São variáveis que vamos acompanhar em campo juntamente com a situação climática. Há previsão de geadas frequentes que poderão prejudicar as lavouras nesse período”, esclarece Debastiani.
No início de junho, os técnicos visitarão lavouras no norte do Mato Grosso do Sul e oeste do Paraná, finalizando os trabalhos de avaliação do milho segunda safra no dia 11 de junho.
Mais de 80 mil quilômetros deverão ser percorridos em 11 estados durante a 19ª edição do Rally da Safra, principal expedição técnica do agronegócio brasileiro. A expectativa é coletar 1.500 amostras em campo.