Com uma produção estimada em aproximadamente 127 milhões de toneladas de milho, a colheita do cereal na safra 2022/23 deverá registrar um incremento de 12,5% em relação ao último ciclo. Este aumento tende a conter as pressões de uma restrição da oferta da commodity no cenário mundial, diante de uma menor quantidade do produto norte-americano e de problemas de safra na União Europeia, como aponta a edição de outubro do boletim AgroConab, divulgado ontem, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
E a força do milho brasileiro tem como berço Mato Grosso, o maior produtor nacional do cereal. Tanto, que por mais um ciclo, o Estado tem a previsão de ofertar mais milho do que soja. Conforme dados recentes do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a demanda aquecida pelo milho pauta o aumento na oferta e demanda da primeira estimativa para a safra 2022/23 em Mato Grosso, feita pelo órgão.
Com a expectativa de aumento na área e produtividade do cereal, estima-se ampliação da oferta mato-grossense em 4,34% em relação à temporada anterior, sendo previsto 45,76 milhões de toneladas (t). Já pela ótica da demanda, o destaque ficou com as exportações, que se estima ter uma participação de 62,20% na temporada, o que corresponde a 28,32 milhões de t, “pautada pela menor oferta mundial e demanda aquecida, que podem favorecer a procura pelo cereal em Mato Grosso”, apontam os analistas.
Já o consumo mato-grossense estima-se ter 27,92% de participação (12,71 milhões de t), em razão da entrada de novas usinas de etanol de milho no Estado. Já o consumo interestadual, se projeta uma participação de 9,88% sobre a demanda total, isto é, 4,50 milhões de t. “Com a ampla produção, esperam-se estoques finais mais elevados, estimados em 0,25 milhão t” completa o Imea.
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Ainda em números, o Imea destaca que nova safra do cereal, 2022/23, pode somar 45,54 milhões t, alta anual de 3,89%, volume, que se confirmado, superará a soja, estimada em 41,78 milhões t. Tanto em volume quanto em área – 7,27 milhões de hectares (+1,80%) – o milho mato-grossense deve registrar novos recordes.
MERCADO – De acordo com o documento, a safra de milho na União Europeia deverá ser a menor registrada desde 2008. Além disso, o USDA confirmou um corte na produção e nos estoques do cereal nos Estados Unidos para a safra 2022/23, o que pressiona os preços do grão no mercado internacional, influenciando também a cotação interna. Com este panorama, há uma tendência de aumento da demanda exportadora brasileira.
Já para a soja, a análise mostra que problemas de escoamento de grãos no rio Mississipi, nos Estados Unidos, têm influenciado no maior valor dos prêmios de portos nacionais. Se por um lado há registro de elevação, os preços do grão no mercado apresentam queda, seguindo o comportamento das cotações internacionais. De acordo com o boletim, pressionam para baixo os preços em Chicago, a elevação dos estoques de passagem norte-americanos divulgada pelo USDA, o bom avanço da colheita nos Estados Unidos, a oferta mundial elevada e a possibilidade de recessão no mundo. Em contrapartida, a preocupação com o clima na América do Sul dá sustentação às cotações da oleaginosa.
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