Arroba do boi gordo e da vaca gorda recuou no mês de outubro, em Mato Grosso, e se aproxima dos resultados obtidos no período do embargo chinês de 2021, aponta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), abaixo de R$ 250 a arroba (@).
O cenário econômico instável levou muitos brasileiros a retirarem a carne bovina do cardápio, refletindo diretamente sobre as cotações de todas as praças brasileiras. Com isso, segue o movimento de recuo de preços desde março, quando o boi gordo era cotado próximo de 350 reais/@, na média nacional.
“Os resultados do mês de outubro não são nada otimistas e o pecuarista precisará de muita atenção no planejamento da sua produção e na condução do manejo nos próximos meses”, como alerta Gabriel Zylberlicht, inteligência de Mercado da Nutricorp.
Pelo andar da carruagem o mercado não está em clima de Copa do Mundo. Outubro foi o terceiro mês consecutivo em que o boi gordo apresentou recuo, segundo o indicador CEPEA/B3, fechando abaixo de R$ 300 na média mensal, fato que só ocorreu em outubro de 2021 com a crise no mercado por conta do caso de EEB, vaca louca, que levou o mercado chinês a embargar a carne bovina brasileira.
Em Mato Grosso – estado detentor do maior rebanho de bovinos do Brasil – o Imea destaca que de modo geral, o comportamento da arroba dos animais aptos para o abate tem seguido tendência de queda desde o início de 2022, com valorizações pontuais em meados de junho a agosto. “Isso porque, além dos machos, as fêmeas também começaram a ser mais ofertadas (+11,87% no acumulado de janeiro a setembro de 2022 ante o mesmo período de 2021). Desse modo, o movimento sazonal de picos nas cotações da arroba não ocorreu em outubro e, até o dia 27 do mês passado, por exemplo, as cotações estavam na média de R$ 242,73/@ para o boi gordo e R$ 230,47/@ para a vaca gorda. Essa pressão, além de ser puxada pela demanda interna estagnada na ponta da cadeia, também foi impactada pela demanda chinesa, já que o país asiático tem feito renegociações na carne bovina, pressionando os valores atuais da arroba no mercado”, explicam os analistas do Imea.
Leia também: Medidas alteram regras na venda de carne moída em Mato Grosso
Para o comportamento geral da arroba bovina brasileira, o protagonista do movimento de queda está diretamente atrelado à economia brasileira “que não vem passando por momentos dourados”, pontua Zylberlicht. Ainda segundo sua análise, o cenário econômico instável levou muitos brasileiros a retirarem a carne bovina do cardápio, optando por linhas mais baratas de proteínas animal como suínos e aves. Completamente na contramão do mercado interno, as exportações vierem fortes em 2022. Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que o Brasil exportou até outubro 1.69 mil toneladas, volume 25% maior que em igual intervalo do ano passado”.
O OPOSTO – Na linha da oferta, a pecuária segue apresentando forte crescimento, aumentando a oferta de animais principalmente neste período de entressafra. Segundo os dados divulgados pela Scot Consultoria, a estimativa para o rebanho confinado no Brasil para esse ano é de 5,18 milhões de cabeças, um crescimento de 5,07% em relação ao ano anterior. Passando para o lado das compras, o milho apresentou movimento completamente ao contrário do boi gordo.
O cereal fechou o mês de outubro com valorização de 0,56% em relação ao mês de setembro. A principal notícia do mês foi a habilitação das exportações de milho para a China, quando o governo anunciou a liberação para que 136 instalações enviassem a commodity para o país asiático. “Essa nova opção para o escoamento do grão trouxe muita incerteza para o mercado, principalmente na quantidade da produção que permanecerá no país para alimentação bovina e qual será seu preço no futuro. O que devemos tomar como certeza é que, como nunca, o pecuarista precisará de muita atenção no planejamento da sua produção e na condução do manejo”, reforça Gabriel.
Apesar de toda essa pressão, o indicador de custo de diária de confinamento divulgado pelo Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE) apresentou recuo no mês de outubro.
Os confinamentos grandes de São Paulo (SPg) e os médios (SPm) apresentaram um recuo de 6,9% e 6,7%, respectivamente, e Goiás de 0,1%. Para os paulistas o principal motivo da desvalorização foi a redução no custo do sorgo. Já para os goianos o farelo de soja foi o principal responsável.
Leia mais: Abates de bovinos recuam em Mato Grosso no segundo trimestre