O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, defendeu que a indústria é parte fundamental no processo de descarbonização e que o Brasil e Mato Grosso já têm exemplos sólidos que servem de modelo para o resto do mundo. Durante evento Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono, promovido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Oliveira afirmou que o país tem como vantagem o potencial para ampliar a capacidade de geração de energia limpa e a competitividade brasileira em termos de produção de alimentos.
O Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono aconteceu em paralelo à programação da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP27. O objetivo do evento, promovido em parceria com a Câmara de Comércio Internacional, foi discutir as oportunidades de negócios e de investimentos voltados à descarbonização da economia brasileira. Participaram da abertura o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, o ministro do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler, e o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira Osmar Chohfi.
O presidente da Fiemt foi mediador do painel sobre transição energética que contou com representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e as empresas Raízen, Tetra Pak e Engie.
“A indústria brasileira está presente na COP27 porque ela tem exemplos para dar para o mundo. Enquanto os países falam de transição energética, a nossa indústria já uma das mais limpas do mundo e ainda pode oferecer novas soluções para fora”, afirmou.
Segundo o presidente da Fiemt, o Brasil reúne as condições necessárias para ser um dos líderes globais na estratégia que busca a superação dos desafios para a transição para a economia de baixo carbono. Para que consiga elevar ainda mais o percentual de participação de fontes renováveis na matriz energética (que atualmente está em cerca de 45% e é uma das mais limpas do mundo), o país conta com a promissora produção de hidrogênio verde, o desenvolvimento de parques eólicos em alto-mar para produção de energia a partir da força do vento.
Além disso, para Gustavo é primordial o fortalecimento dos programas e incentivos para produção de biocombustíveis. O Brasil foi pioneiro no desenvolvimento e no uso de etanol e biodiesel, provando que é possível combinar a produção de combustíveis renováveis e de alimentos com o respeito ao meio ambiente.
ETANOL DE MT – O etanol tem um papel relevante na agenda de transição energética mundial. Proveniente da cana-de-açúcar e do milho, esse combustível é opção mais limpa e eficiente para a mobilidade urbana quando comparado a combustíveis derivados do petróleo.
Também na COP27, a diretora do Sindicato das Indústrias de Bionergia de Mato Grosso, Lhais Sparvoli, falou sobre o assunto no painel “As perspectivas para a bioenergia no Brasil”, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente Brasileiro na COP 27, realizada no Egito.
Leia também: Industriais ressaltam importância da indústria mato-grossense do etanol na COP-27
Hoje o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e Mato Grosso é o terceiro maior produtor do país, mas com expectativas de crescimento nos próximos anos, com a ampliação de novas usinas no Estado.
Sparvoli falou que o setor de transporte é um dos principais emissores de gás carbônico, sendo esse um dos principais desafios para a redução dos gases de efeito estufa. No Brasil, 70% da frota de veículos leves é de motor tipo flex, que é menos poluente do que os carros elétricos da Europa, pois esses têm como fonte de recarga energia elétrica de matriz energética que vem de carvão ou gás natural.
“Não podemos analisar apenas a emissão final, mas considerar o ciclo total, de onde está vindo essa energia elétrica que vai abastecer o carro. O Brasil já tem a solução para transporte e energia limpa. Muito se discute sobre o que será feito para atingir metas de descarbonização até 2050. O etanol já é parte da solução, assim como toda essa indústria de bioenergia”, afirmou.
Representante do Ministério de Minas e Energia, Fabio Vinhado, fez uma retrospectiva da produção de etanol no Brasil, com início na década de 1970, sendo um produto de origem brasileira e programas de incentivos no Brasil para essa produção. “O etanol é um combustível do passado, do presente e do futuro. É um combustível limpo e competitivo se comparado a outros, por isso ele é do passado, presente e futuro”, afirmou.
A indústria do etanol de milho é nova no Brasil, com início de operação em, com início em 2017, com empresas utilizando tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos, maior produtor mundial desse combustível. Quase 75% da produção de etanol de milho de Mato Grosso é com matéria-prima local e isso tem causado uma mudança positiva no cenário de bioenergia.
Além do combustível, as indústrias de etanol de milho também produzem DDG, farelo de milho proteico que é fonte de alimentação para animais e tem aumentado a produtividade e a redução de idade de abate, diminuindo o tempo que os bois ficam no pasto. Ela também afirma que há uma correlação com a diminuição da área de pastagem, que caiu 17% nos últimos anos, liberando mais área para produção de alimentos. “A indústria de etanol não está só ajudando a produzir energia para transporte e eletricidade, está ajudando a produzir alimento”, afirmou a diretora do Sindalcool.
Leia mais: Indústria responde por 40% das exportações de Mato Grosso