Por mil razões, o ano de 2023 abriu completamente imprevisível sobre o Brasil. Mas Mato Grosso vai na contramão, também por mil razões. Reúne um número muito bom de razões a seu favor. Por isso difere tanto das incertezas do Brasil. Vou anotar abaixo algumas frases do economista Vivaldo Lopes, antes de tecer alguns comentários pessoais sobre os cenários de nosso Estado.
“Mesmo não sendo uma ilha econômico-social, imune às decisões políticas emanadas de Brasília e movimentos macroeconômicos mundiais, a atividade econômica de Mato Grosso dá sinais de que prosseguirá sua caminhada de crescimento contínuo e acelerado da última década. Sofreu interrupção em 2020, quando o PIB estadual teve crescimento zero. Ano no qual 24 estados brasileiros tiveram queda de até -7,2% (RS) e -5,7% (CE) e o PIB do país sofreu queda de -3,3%”.
Outra frase também de Vivaldo Lopes: “a consultoria econômica Tendências, uma das maiores e mais respeitadas do país no segmento de análise econômica, divulgou denso estudo com projeções de crescimento do PIB dos 27 estados em 2022. Mato Grosso aparece como o Estado que terá o maior desempenho, com crescimento estimado em 5,6%, seguido de Mato Grosso do Sul, 4,6% e Goiás 3,1%. Nesta semana, o IBGE divulgou pesquisa de desemprego do último trimestre móvel (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua-PNAD-C) mostrando que Mato Grosso, pelo segundo semestre seguido, é o segundo o estado brasileiro com a menor taxa de desemprego (4,4%), atrás apenas de Santa Catarina (3,6%).
Fundamentalmente dois fatores pesam favoráveis a Mato Grosso: o constante crescimento econômico liderado pela agropecuária, e o equilíbrio fiscal e a redução de despesas. Isso permite volume alto de investimentos em favor do interesse público. Neste momento talvez seja o Estado com o maior volume de investimentos do orçamento em obras e mudanças públicas. Há que se considerar duas medidas fundamentais nessa direção. A concessão da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), que corta os maiores eixos da produção estadual. A outra, a concessão estadual da ferrovia e o início das obras da ferrovia ligando Rondonópolis a Lucas do Rio Verde.
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Atualmente os investidores consideram em suas decisões o equilíbrio fiscal dos estados que receberão investimentos, por conta da segurança jurídica. E como investimento se dá em cadeias sucessivas conectadas, as chances de Mato Grosso entrar fortemente na pauta econômica nacional e internacional é bem grande.
A guerra na Ucrânia mexeu muito na macroeconômica e na geopolítica da Europa e do mundo. O eixo dos investimentos mundiais está se redirecionando nesse mundo pós-pandemia e pós-guerra na Ucrânia. Discute-se energia, alimentos, fertilizantes, minérios e a segurança alimentar do mundo.
Por isso é preciso olhar pra Mato Grosso com olhos de macroestratégia, e não penas o olhar administrativo e político regional. Esperemos que o governador Mauro Mendes não perca o foco na condução da gestão, com essa perspectiva estratégica. Seria uma pena perdermos a rica oportunidade que está sendo oferecida pelo país e pelo mundo. O país, por suas crises políticas, E o mundo pelas oportunidades de disseminar investimentos na produção de alimentos, de energia, de sustentabilidade, minerais e expansão econômica com a inevitável industrialização do que aqui se produzir.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso