O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) marcou 112,1 pontos em outubro, queda mensal de 3%, descontados os efeitos sazonais. A retração do otimismo do comerciante neste mês foi maior que a apresentada em setembro (0,7%), quando o índice atingiu 113,1 pontos. A pesquisa, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apurou que este é o pior resultado desde janeiro deste ano, quando a queda foi de 3,6%, atingindo 119 pontos.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, é a retração mais intensa desde o começo do ano, em um momento que antecede datas importantes para o comércio. “O setor sentiu a desaceleração da atividade econômica, tendo uma margem de lucro mais apertada, além de a alavancagem e a inadimplência empresarial estarem em níveis mais altos, o que desafia a gestão de caixa”, avalia Tadros.
O cenário geral é de queda de todos os indicadores, no mês e no ano, com destaque para o fator de avaliação das condições atuais, reduzido em 6,8%. Ainda segundo a pesquisa, 6 em cada 10 empresas consultadas apontam piora na economia e no desempenho das vendas, neste início do último semestre do ano.
Segundo dados recentes da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após o avanço do volume de vendas em agosto, o contexto atual é de desaceleração das receitas e preços no varejo.
INADIMPLÊNCIA CONTINUA CRESCENDO – Desde a segunda metade de 2022, a inadimplência acima de 90 dias nas linhas de crédito com recursos livres das pessoas jurídicas cresce de forma acelerada, com 3,3% do total. Este é o maior percentual desde agosto de 2018, conforme dados do Banco Central.
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“Apesar do maior faturamento esperado nas festas de fim de ano, quando comparamos com outubro do ano passado, a desaceleração da atividade econômica e do varejo, com acirramento da gestão financeira das empresas, e um consumidor mais cauteloso contribuem para que o comerciante entre no último trimestre com menos disposição para investir na contratação efetiva de funcionários e na ampliação dos estoques”, explica a economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira.
Ela aponta que se intensificou o movimento de redução do indicador de expectativas, tanto para o setor, quanto para a economia e para a própria empresa, com queda de 1,6% no mês e 9,7% no ano.
Isso vai ao encontro dos dados da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada mensalmente pela CNC, que mostra desaceleração da intenção de compra por parte dos consumidores em outubro, uma vez que eles estão mais cautelosos e preveem condições menos favoráveis no mercado de trabalho, nos próximos meses.
PESSIMISMO NOS SETORES DE BENS ESSENCIAIS – A confiança do comércio de produtos de primeira necessidade teve a maior queda em outubro (3,9%), em relação aos outros dois grupos: semiduráveis (3,4%) e (2,7%) duráveis. Já na comparação anual, a redução mais intensa do otimismo foi no grupo de bens duráveis (14,7%), produtos de maior valor e que, portanto, sofrem mais com o crédito caro e seleto.