O número de suínos em Mato Grosso oscilou nos últimos anos. Ao comparar as estatísticas do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), houve aumento em 2022 em relação a 2020. No ano passado o estado fechou com 3,34 milhões de suínos vivos, 27% a mais que dois anos antes, quando a população suína era de 2,63 milhões de animais.
Já quando a comparação é feita com 2021, no ano passado houve diminuição do rebanho. Há dois anos, Mato Grosso tinha 3,4 milhões de suínos, 1,8% a mais que em 2022. É quase uma lateralização dos números totais, só que com concentração maior de queda no volume de matrizes.
De acordo com o diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, há explicação. “Nos últimos anos tanto o rebanho total, quanto o rebanho de matrizes registrou queda por conta do período de crise enfrentado pela atividade. Em 2020 o rebanho de matrizes era de 144, 98 mil, e registrou queda nos próximos dois anos, com 142,13 mil em 2021, e 131,87 mil em 2022. A Acrismat estima que em 2023 esse número tenha reduzido para aproximadamente 125 mil.”
Apesar da crise que afetou o setor, causada pelo aumento expressivo do preço da ração e a estabilização do consumo, que fizeram diminuir a rentabilidade do criador, algumas políticas públicas têm ajudado na manutenção da atividade. “A suinocultura mato-grossense, não diferente da brasileira e da mundial, nessa situação da pandemia, passou por uma crise extremamente forte e aí reflete diretamente no fator lucro do suinocultor. O estado tomou algumas atitudes acionadas pelo setor. Uma delas, e muito eficiente, foi o PRODER, o Programa de Desenvolvimento Rural, aberto a todas as cadeias, mas no caso da suinocultura nós conseguimos um abate de 50% no ICMS de animais a serem retirados do estado. Se não houvesse uma intervenção pública nessa condição, iria piorar ainda mais”, explica o diretor secretário da Acrismat, Itamar Canossa.
Em relação às aves, a relevância do estado tem sido destaque. Mato Grosso tem 285 granjas de frango de corte, 36 de postura e 16 de reprodução. São cerca de 68 milhões de aves, sete frigoríficos e a oitava posição no ranking nacional de exportações de carne de frango, o que corresponde a cerca de 3% da participação nacional. Além de sua contribuição para a alimentação global, a avicultura também movimenta o mercado de trabalho, gerando empregos no campo e na cidade.
“Mato Grosso tem aumentado a sua produção de aves porque é uma indústria muito rentável e aproveitando a produção de milho que é a alimentação dessas aves. A gente tá percebendo isso em algumas regiões do estado, especialmente as de grande produção agrícola como Lucas do Rio Verde, Campo Verde e também municípios próximos, como Nova Marilândia. O que acontece é isso, a visibilidade de que é uma agregação de valores muito importante, a industrialização dessas aves e a expansão do mercado mundial para isso. Essa estrutura de aves é uma tradição no Sul do país, especialmente em Santa Catarina, e foi responsável por dinamizar muito a economia daquela região e Mato Grosso agora entra nisso”, explica o superintendente do Ministério da Agricultura (MAPA), Maurício Munhoz.
A questão sanitária entra como um dos principais fatores que dão suporte ao crescimento e segurança dessas atividades. Tanto a suinocultura, como a avicultura seguem padrões sanitários rígidos, que protegem os animais de doenças graves e epidemias. “Somos o único estado em nível mundial a ter uma apólice de seguro avícola e sem nenhum centavo de dinheiro público. Isso foi assinado pela Associação Mato-grossense de Avicultura (Amav) e nos dá um pouco mais de segurança e tranquilidade para investir cada dia mais em biossegurança nas granjas, onde trocamos todas as telas, aumentamos o número de arcos de desinfecção, intercalamos os horários dos colaboradores, proibimos todas e quaisquer visitas e damos suporte em materiais ao órgão de defesa nas suas campanhas voltadas à avicultura do estado”, contextualiza o presidente da Amav, Lindomar Rodrigues.
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Além dos cuidados por parte dos criadores, ainda há o controle sanitário feito pelo Indea. Uma das medidas que garante essa segurança sanitária é comunicar o número de animais à entidade. Em novembro, todos os criadores de bovinos, bubalinos, ovinos, aves, suínos, equídeos, peixes e abelhas devem informar quantos animais possuem em suas propriedades.
Essa é a segunda Campanha de Atualização de Estoques de Rebanhos. O prazo de comunicação termina amanhã, dia 30, e quem descumprir poderá pagar multa de 29 UPFs (aproximadamente R$ 6 mil). No caso do rebanho bovino o procedimento substitui a vacinação contra a febre aftosa, que não é mais necessária a partir deste ano, após 40 anos de imunização.
“Pelo lado do produtor, do pecuarista, quando você tem um órgão que faz um controle eficiente, você sabe que dificilmente a probabilidade é mínima de incidir alguma doença, algum problema sanitário. Com isso o produtor trabalha de uma forma mais tranquila, sabendo que ele vai produzir, vai criar o animal, seja o bezerro, o suíno ou a ave e ele vai poder exportar. Essa é a função principal de ter um controle sanitário eficiente”, conclui Canossa.
Desde o dia 9 de novembro a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA), exceto para abate, só pode ser emitida caso a comunicação tenha sido feita. Para comunicar, o criador deve ir até uma unidade do Indea ou fazer a declaração de maneira eletrônica pelo Módulo do Produtor.