A Embrapa Agrossilvipastoril publicou o segundo Boletim Agrometeorológico de acompanhamento da safra 2023/2024 em Mato Grosso. O documento traz informações sobre a precipitação acumulada no período, comparando com o histórico da região. Esta edição comprova que a safra atual foi marcada por menor volume de chuvas e também pela irregularidade.
De acordo com o boletim, os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro tiveram precipitações acumuladas abaixo da média histórica na maior parte do estado, o que atrasou a semeadura da soja e, em alguns casos, obrigou produtores a fazerem replantio.
O pesquisador da Embrapa e autor do boletim, Jorge Lulu, lembra que esses meses também tiveram temperaturas acima da média, contribuindo para maior perda de água no solo.
Dados da estação meteorológica da Embrapa Agrossilvipastoril mostraram que a reposição hídrica total do solo só ocorreu nos primeiros dias de janeiro. Maior atraso quando se compara os últimos cinco anos, quando o mesmo patamar foi atingido entre outubro e novembro.
“Devido às chuvas irregulares e em pouca quantidade no município, o armazenamento de água no solo (ARM) foi subindo de forma lenta desde o terceiro decêndio de outubro/2023, quando alcançou apenas 23% da capacidade máxima, até o primeiro decêndio de janeiro/2024, quando atingiu 100% do armazenamento”, relata Jorge Lulu.
No acumulado entre agosto de 2023 e o último dia 10 de março, a precipitação registrada na Estação Meteorológica da Embrapa Agrossilvipastoril foi de 1.613,2mm, menor valor dos últimos cinco anos, quando o volume sempre ficou acima dos 2.000mm.
GESTÃO DO RISCO CLIMÁTICO – Para evitar os riscos de perdas causadas pelas anomalias climáticas, como as que foram registradas na safra 2023/2024 em Mato Grosso, o setor produtivo conta com o uso do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). O Zarc define, com base no histórico climatológico da região (30 anos), do tipo de solo e das cultivares utilizadas, qual a janela de plantio mais adequada. A ferramenta define três faixas de risco (20%, 30% e 40%), que indicam a maior ou menor probabilidade de haver frustração de safra em cada município brasileiro.
O Zarc, além de auxiliar o produtor na gestão do risco da atividade agrícola, também serve de parâmetro para bancos, agentes financiadores e seguradoras para definição de juros e resgate de seguro agrícola.
Uma rede de pesquisadores da Embrapa trabalha constantemente na melhoria do Zarc, de modo a ampliar as bases consideradas na definição das janelas. A cada revisão e atualização, o setor produtivo é chamado a contribuir na validação das informações. Portarias com as janelas de semeadura para cada cultura são publicadas anualmente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
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