O ritmo mais lento da comercialização de soja e milho apresentado neste ano tem influenciado nos preços de fretes praticados no país. Na maioria das praças analisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) as cotações dos serviços de transporte dos produtos agropecuários se encontram em níveis abaixo do praticado no mesmo período do ano passado. É o que mostra o Boletim Logístico deste mês divulgado pela Conab.
Em Mato Grosso, em abril, por exemplo, observou-se redução na oferta de caminhões, em grande parte devido à migração para outros estados que têm demandado transportes. Além disso a proximidade do início da colheita de milho tem feito com que espaços precisem ser liberados nos armazéns, apontam os analistas. “Desta forma, alguma reação tem sido observada no mercado, e maiores preços têm sido atribuídos aos fretes rodoviários. A migração inter-regional ocorre em um momento em que há maior movimentação na safra de outros estados havendo a momentânea percepção de que faltam caminhões para carregar em Mato Grosso. Esse cenário é bastante distinto do que prevalecia nos últimos meses, quando sobravam caminhões e essa oferta suplantava substancialmente a demanda”.
As retrações nos valores dos fretes no estado variam de 14% (o maior) a 8% na comparação com igual mês do ano passado. A maior desvalorização está na rota Querência a Alto Araguaia, -14%, com o frete cotado a média de R$ 240. Primavera do Leste a Alto Araguaia, ambos em Mato Grosso, vem na sequencia. Com o valor médio de R$ 120 em abril, a queda é de 11%. O trecho Primavera do Leste a Santos registra recuo de 10%, com o frete a R$ 370. Querência a Santos tem queda de 8%, com o frete cotado a R$ 410.
MUDANÇAS À VISTA – A relação mais ajustada entre oferta e demanda de transportes sinaliza para uma tendência de alta nas cotações para Mato Grosso, conforme a Conab. A proximidade do início da colheita do milho, tem elevado a demanda por transporte, uma vez que é necessária uma rápida solução para a soja, no tangente a espaço e escoamento. Ainda assim, cabe destacar que mesmo com essa tendência e o movimento de alta, os fretes sobem, apenas, gradativamente, com aumentos suaves na maioria das praças. Caso a tendência persista poderá haver elevações em maior montante.
“Estes são fatores que podem oferecer suporte às cotações da colheita do milho e ao estancamento do escoamento da soja, cujo atraso na comercialização promoveu um represamento logístico. Por outro lado, um fator com potencial para inibir altas expressivas foi a diminuição das safras na atual temporada não apenas em Mato Grosso como em nível nacional. A participação estadual nas exportações brasileiras de milho, no período em análise, atingiu 14,28%, enquanto a de soja foi de 26,12%.
Ainda como destacam os analistas da Conab, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul os preços de frete também se encontram menores que os do mesmo período do ano passado, mas há sinalização de reversão do quadro nos próximos meses.
“Em abril já foi possível observar redução na oferta de caminhões no principal estado produtor de grãos no país, Mato Grosso, em grande parte devido à migração para outros estados, que têm demandado transportes. Além disso, a proximidade do início da colheita de milho, tem feito com que espaços precisem ser liberados nos armazéns. Desta forma, alguma reação tem sido observada no mercado e maiores preços têm sido atribuídos aos fretes rodoviários”, analisa o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth. “Em Mato Grosso do Sul, as cotações se mantiveram ainda com tendência de baixa em abril, mas já se começa a registrar ligeiro aumento na movimentação de cargas no período”, pondera.
EXPORTAÇÕES – Mesmo com a comercialização mais lenta, as exportações de soja atingiram, em abril, 14,70 milhões de toneladas contra 12,63 milhões ocorridas no mês anterior, um incremento de 16,3%. A quantidade exportada foi a terceira maior já registrada para um mês em toda a série histórica, apesar dos baixos preços internacionais, do atraso na colheita e das perdas provocadas pelo clima. A China foi o principal importador da oleaginosa brasileira, tendo adquirido praticamente dez milhões de toneladas, correspondente a US$ 4,29 bilhões. A maior parte foi embarcada pelos portos do Arco Norte, que expediram 35,7% da oleaginosa comercializada contra 36% escoada por Santos.
Pelos portos do Arco Norte, foram exportados 43,7% da movimentação acumulada em abril/24, contra 35,3% no mesmo período do ano anterior. Na sequência, o porto de Santos aparece com 31,8% da movimentação contra 24,4% no mesmo período do exercício passado, o porto de Paranaguá, 4,1% contra 19,4% do ano passado, enquanto pelo porto de São Francisco do Sul, foram registrados 15% dos volumes embarcados, contra 11% do exercício anterior. Os estados que mais atuaram nas vendas para exportação foram: MT, MS, PR e MA.
Já as exportações de milho no último mês atingiram 0,07 milhão de toneladas contra 0,43 milhão, observado no mês passado, e 0,47 milhão, ocorridas no mesmo período de 2023. O principal eixo de escoamento escolhido pelos produtores do cereal também foi o Arco Norte, que exportou 43,7% da movimentação em abril contra 31,8% em Santos.
O periódico mensal coleta dados em dez estados produtores, com análises dos aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra.