Após incorporar a análise de imagens de satélite para dimensionar a área de soja no Brasil, a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, expande sua aplicação para estimar os dados da segunda safra de milho. Com as avaliações de campo na etapa milho concluídas, a consultoria estima a área da safra 2023/24 em 16,7 milhões de hectares e produtividade em 100,6 sacos por hectare. A produção de 100,5 milhões de toneladas, apesar de 10% abaixo da safra anterior, representa um incremento de 4% em relação ao estimado no pré-Rally, em maio, o que significa mais milho à disposição do mercado.
“Contrariando as expectativas, a queda na área em 2023/24, em razão do cenário econômico, não foi tão acentuada. Com a antecipação do ciclo da soja, a janela de plantio do milho acabou sendo muito favorável, em especial nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás, onde o plantio foi o mais adiantado desde 2018/19.
Além disso, houve redução dos custos, em especial no período do final do ano passado até março, levando o produtor a plantar mais. “Estimamos uma redução de 4,9% na área sobre a safra anterior, que também já está atualizada pelas análises com imagens de satélite. O Brasil vai produzir mais de 100 milhões de toneladas de milho segunda safra pela segunda vez em sua história. Ao juntarmos com a safra de verão, a produção total ultrapassa 126,5 milhões de toneladas. Mesmo sendo 15,3 milhões de toneladas menor do que a anterior, ainda é um grande volume e certamente traz desafios para o seu escoamento em num ano em que a comercialização segue atrasada”, explica André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.
O trabalho de campo do Rally é importante para coletar uma série de variáveis que compõem a produtividade, como população de plantas, número e tamanho de espigas, peso de grãos e condição fitossanitária das lavouras. Neste ano, todos os estados apresentaram menor população de plantas e número de espigas viáveis, o que pode ser atribuído à redução dos investimentos nessas lavouras, em especial em fertilizantes e sementes e a grande presença de cigarrinha e percevejo. Em contrapartida, a precocidade de implantação e o bom regime de chuvas, que se estendeu ao longo do mês de abril e maio, levaram ao aumento no peso de grãos, especialmente no médio-norte do Mato Grosso e sudoeste de Goiás, duas importantes regiões de produção do milho segunda safra.
Nesse cenário, Mato Grosso deve colher 118,2 sacas por hectare, ou 1,6% abaixo da safra recorde do ano passado, que foi de 120 sacas. Já a estimativa para Goiás é de 119,4 sacas por hectare (1,9% maior que na safra passada), um novo recorde em produtividade para o estado.
No Mato Grosso do Sul e Paraná, as lavouras sofreram com a estiagem e todos os indicadores de campo apresentam queda. O sul do Mato Grosso do Sul foi a região mais afetada e apresenta produtividades muito irregulares que variam de 20 a 120 sacas por hectare, diferente do norte do estado, que apresenta melhores condições, com cenário semelhante, porém em menor intensidade quando comparado ao sul. A produtividade estimada é de 72,6 sacas por hectare (25,5% inferior à safra passada).
O norte do Paraná atravessou também um período de forte estiagem que afetou a produtividade. Cenário semelhante ocorre nas regiões de Beira Lago, Medianeira, e as mais próximas do Mato Grosso do Sul. Em contrapartida, as regiões de Campo Mourão e Cascavel, com plantio antecipado, demonstram melhores resultados. A média de produtividade para o estado é projetada em 91,4 sacas por hectare (6,7% menor que na safra passada).
Maranhão, Piauí, Tocantins e Minas Gerais, mesmo registrando plantio mais tardio dos últimos cinco anos, apresentam bons resultados. A projeção para o MAPITO é de 85,7 sacas (0,6% maior que na 2022/23) puxada pelo bom desempenho do Tocantins. Minas Gerais deve alcançar 90,6 sacas por hectare (8% inferior à safra passada).
São Paulo sofre com a irregularidade e baixos volumes de chuva desde janeiro. O estado, que já registrou a menor produtividade na safra de soja, agora também tem o menor resultado no milho, com produtividade de 66,8 sacas por hectare (25% menor que na safra anterior).
ROTEIRO DA SEGUNDA SAFRA – O Rally da Safra está em sua 21ª edição. Os técnicos da expedição estiveram em campo realizando o levantamento nas lavouras de milho segunda safra entre os meses de maio e junho.
As duas primeiras equipes percorreram o médio-norte e o oeste do Mato Grosso. A terceira equipe fez o levantamento no sudeste e leste Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul. Outro grupo de técnicos percorreu também o sudeste do Mato Grosso e o sudoeste de Goiás. As duas últimas equipes do Rally 2024 estiveram no sul do Mato Grosso do Sul e oeste e norte do Paraná.
Incluindo a etapa soja, ocorrida entre janeiro e março, o Rally percorreu mais de 77 mil quilômetros em 14 estados e o Distrito Federal, com 1.853 lavouras e 395 produtores visitados.