Recentemente, o Banco Central do Brasil emitiu um comunicado abrindo a possibilidade de que os cartões de crédito possam ser substituídos pelo uso crescente do Pix e outras inovações tecnológicas, potencializando uma mudança em como os brasileiros utilizam crédito e realizam pagamentos.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou recentemente que o Pix entrará em uma nova fase e substituir outras modalidades como, por exemplo, o cartão de crédito, ponderando que as bandeiras já se preparam para o futuro. Ele revelou que o Pix bateu o recorde de 168 milhões de transações em um único dia. “O Pix teve uma adesão muito mais rápida do que a gente imaginava”, complementou.
Lígia Novazzi, COO e Sócia da Teros, explica que é possível discutir esse tema pela visão do consumidor. “Para ele, a gente reduz a quantidade de vários cartões, porque não precisa, necessariamente, ter um relacionamento com uma determinada instituição financeira para ter esse crédito. Então, esse crédito pode ser avaliado no momento da compra, numa questão muito situacional, em que pode, inclusive, fazer uma análise de crédito para esse consumidor através do Open Finance, compartilhando os dados, que avalia o perfil da venda, o perfil da compra, o que a pessoa vai comprar, quanto vai gastar, o que tem naquele momento, a situação financeira, etc”.
Ela destaca ainda que além de ser mais simples para o consumidor, a tendência é que as taxas sejam menores, porque tem uma série de participantes dentro desse processo. “Adquirente, sub-adquirente, custo da emissão do cartão, gestão de cartão, gestão de limite, tem um grupo de custos que, praticamente, vai ser substituído por um só processo de análise de crédito associado àquela situação, podendo ser feito com IA. É muito mais simples do que é hoje, que envolve múltiplos players e uma série de taxas para cada um. No final das contas, o ponto é reduzir o custo”.
De fato, com essas novas funcionalidades de Pix, transações inteligentes, pagamentos recorrentes e a jornada sem redirecionamento, a especialista acredita que vai melhorar muito o leque de produtos que podem ser oferecidos para os consumidores e é isso que faz com que a adesão cresça. “Não adianta, o produto tem que ser bom para a adesão ser significativa. Então, essas vantagens vão trazer para os clientes uma oportunidade maior de utilizar o Open Finance e, por isso, um aumento no número de contas já com consentimentos e compartilhamentos. A gente ainda vai ter um processo de adaptação porque essas novas funcionalidades precisam girar perfeitamente, mas é óbvio que vamos ver o processo de aumento de produtos oferecidos no mercado e é através desses produtos, de onboarding {integração/adaptação}, que conseguimos congregar esses produtos dentro de uma cadeia produtiva”.