Pressão de baixa sobre as cotações e alongamento da escala nos frigoríficos definiram o mercado pecuário de Mato Grosso, em fevereiro. Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a pausa nas compras de bovinos refletiu o compasso de espera do segmento, após a confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ‘vaca louca’, detectado no município de Marabá (PA), no mês passado.
“Em fevereiro, a escala de abate atingiu o maior número para o período na série histórica, com 10,60 dias, em Mato Grosso. O indicador registrou um aumento de 2,19 dias em relação a fevereiro de 2022, mas quando comparado igual momento de 2021 (período de alta retenção de fêmeas), o alargamento já apresenta expressivos 6,43 dias. O cenário se deve ao grande número de animais disponíveis para abate na praça mato-grossense, o que está refletindo em pressão baixista para as cotações da arroba. Com isso, desde 2021, os preços vêm caindo de forma rigorosa e em fevereiro deste ano a situação foi intensificada pelo caso atípico de ‘vaca louca’, fechando na média de R$ 240,69/@ (-27,74% em relação a fevereiro de 2021)”, explicam os analistas.
Além do fator pontual, que é o caso de EEB e a consequente suspensão das exportações de carne brasileira – bem como da mato-grossense – para a China, a pressão baixista ainda irá refletir o contexto da pecuária. “Esse panorama cobra atenção quanto à pressão baixista sobre os preços da arroba, uma vez que a perspectiva é de que em 2023, em Mato Grosso, a oferta de animais para abate, principalmente as fêmeas, continue intensa”, completam os analistas.
PRAÇAS – A cotação da arroba do boi gordo mato-grossense caiu 1,89% em fevereiro, enquanto a paulista valorizou 1,21% ante janeiro, ambas livres do Funrural, estiveram na média de R$ 243,21 e R$ 292,67, respectivamente. “Em Mato Grosso, as negociações seguiram pressionadas ao longo do mês, cenário intensificado na última semana após a confirmação pelo Mapa do caso da ‘vaca louca’ no Pará. Já no âmbito paulista, ainda que o caso atípico da doença tenha impactado fortemente nos preços no final do mês, São Paulo teve cotações elevadas na primeira quinzena, fato que sustentou o fechamento mensal positivo. Desse modo, o diferencial de base entre SP-MT encerrou o mês passado em -16,90%, alongamento de 2,62 p.p. ante janeiro. Assim, para este mês o comportamento do diferencial de base, dependerá da duração do período de embargo das exportações à China e do consumo da proteína bovina no mercado interno”, avaliam os especialistas.