A safra 2022/23 está consolidada e pelo 12º ano consecutivo, Mato Grosso segue liderando a produção nacional de grãos e fibra e supera seus próprios recordes. Conforme a última edição do levantamento mensal deste ciclo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – divulgado ontem – o Estado oferta 100,97 milhões de toneladas (t) e fecha a temporada respondendo sozinho por 31,36% da oferta brasileira, pouco mais de um terço.
A produção mato-grossense dessa safra ficou 16,8% maior que o saldo – até então recorde – do ciclo passado, quando totalizou 86,48 milhões t. Em paralelo, a expansão de área plantada cresceu anualmente, 10,3%, passando a 21,21 milhões de hectares (ha).
O maior ganho anual vem do algodão, expansão de 27,3%, quando comparado à safra passada. Mais em volume, o milho segunda safra se tornou protagonista do agro mato-grossense ao superar a produção de soja e ofertar 50,73 milhões t.
O milho, aliás, é um capítulo à parte nessa safra. O cereal superou seu próprio recorde no Estado. Cresceu 23,4% de uma safra a outra, passando de 41,10 milhões t para atuais 50,73 milhões t. No cenário nacional, essa cultura de segunda safra tradicional em Mato Grosso, representa quase 50% de tudo que o País produziu na safrinha: 102,16 milhões t. Assim como no algodão, as condições climáticas, juntamente com todo investimento realizado pelos produtores nas duas culturas, surtiram em ganhos expressivos de produtividade. No caso do milho, enquanto a área plantada – também recorde – cresceu 13,6%, atingindo 7,36 milhões ha, a oferta final ficou 23,4% maior.
Em relação à soja – cuja safra está consolidada desde o fim da colheita, em abril – a safra terminou com uma oferta de 45,60 milhões t, 9,9% acima do saldo de 41,49 milhões t do ano passado. Em área a expansão resultou em superfície recorde, 12 milhões ha, 8,8% acima do ciclo passado.
BRASIL – A safra de grãos no ciclo 2022/23 também fechou com recorde: 322,8 milhões t. O volume representa um crescimento de 18,4%, o que corresponde a 50,1 milhões de toneladas colhidas a mais sobre a temporada anterior. O resultado é reflexo tanto de uma maior área plantada, chegando a 78,5 milhões de hectares, como também de uma melhor produtividade média registrada, saindo de 3.656 kg/ha para 4.111 kg/ha.
“Os dados que hoje divulgamos consolidam a estimativa recorde de produção da história brasileira: são 322,8 milhões de toneladas de grãos, o que representa um aumento de 50,1 milhões de toneladas de grãos a mais do que na safra passada”, afirma o presidente da Conab, Edegar Pretto.
“Nos primeiros dados divulgados pela Conab, a previsão de safra era de 312,4 milhões de toneladas, e encerramos o ciclo com 322,8 milhões de toneladas. Uma diferença de 3,3% ou pouco mais de 10 milhões de toneladas. Isso mostra o avanço metodológico da Conab, que tem responsabilidade com os dados públicos”, ressalta.
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Nesta temporada, a soja apresentou recuperação de produtividade no Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Já no Rio Grande do Sul, também houve melhora no desempenho das lavouras, porém limitado devido às condições climáticas não favoráveis durante o desenvolvimento da oleaginosa. “Nesta temporada, os efeitos do La Niña se concentraram no estado gaúcho, mas ainda assim em menor escala que no ciclo anterior. Já nos demais estados, o clima se mostrou bastante favorável, mesmo com alguns atrasos verificados no período da semeadura e da colheita”, analisa o gerente de Acompanhamento de Safras, Fabiano Vasconcellos. Diante do cenário favorável, a produção de soja no País na safra 2022/23 é de um novo recorde, estimada em 154,6 milhões de toneladas, crescimento de 23,2%.
Para o milho também é esperada a maior colheita já registrada na série histórica. No somatório das 3 safras do cereal, a produção deverá chegar a 131,9 milhões de toneladas, incremento de 18,7 milhões de toneladas do obtido no ciclo anterior. Na primeira safra do grão a produção somou 27,4 milhões de toneladas, enquanto que para a segunda safra, a previsão aponta para um volume de 102,2 milhões de toneladas.
De acordo com o Progresso de Safra, divulgado nesta semana pela Companhia, cerca de 89% da área semeada já estavam colhidos. Para a terceira safra, a produção estimada é de 2,33 milhões de toneladas. “Porém, a redução nas precipitações ocorridas em julho e agosto, restringiu o potencial produtivo em grande parte das regiões produtoras”, pondera Vasconcellos.
Importantes produtos para a mesa do brasileiro, o arroz e feijão apresentam cenários distintos. No caso dos dois produtos houve redução de área de plantio devido à concorrência com outras culturas na época mais rentáveis. No entanto, para o arroz, a melhora da produtividade não foi suficiente para compensar a menor área resultando numa queda de produção de 6,9%, chegando a 10 milhões de toneladas. Já para a leguminosa, o bom desempenho das lavouras, assegura uma colheita total de 3,04 milhões de toneladas, 1,7% acima do resultado da safra anterior.
Dentre as culturas de inverno, foi confirmado o crescimento de 11,8% na área cultivada de trigo no País, situando-se em 3,45 milhões de hectares e uma produção estimada em 10,82 milhões de toneladas, 2,5% acima da obtida na safra anterior.
MERCADO – Os bons resultados da safra brasileira colocam o Brasil como o principal exportador de soja e milho na safra 2022/23. Para a oleaginosa é esperado que o volume exportado chegue a 96,95 milhões de toneladas do grão. Já para o cereal, a estimativa da Companhia aponta para embarques em torno de 50 milhões de toneladas, ultrapassando as exportações norte-americanas. O bom cenário para as vendas ao mercado internacional é verificado também para farelo e óleo de soja, com exportações estimadas em 21,82 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas respectivamente.
Para o algodão, a produção recorde da pluma permite uma recomposição nos estoques finais na ordem de 59%, atingindo 2,1 mil toneladas. As exportações podem atingir 1,7 milhão de toneladas nesta safra. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em agosto de 2023 foram exportadas 104,3 mil toneladas de algodão, o segundo melhor desempenho para o mês na série histórica, superando em 66,1% o mesmo período do ano passado.