Dados atualizados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que o volume de soja mato-grossense esmagado internamente encolheu em relação a 2022 e esse movimento, justamente como saldo do primeiro semestre, pode impactar de forma negativa no resultado da atividade industrial de Estado no consolidado deste ano.
Conforme o Imea, neste primeiro semestre, o total de soja esmagado em Mato Grosso é quase 2% menor na comparação anual. Vale lembrar que a oferta de grãos, após a conclusão da safra em abril – com 100% da área plantada, colhida – aumentou 9,75%, passando de 40,88 milhões t para 45,31 milhões t nesta safra, a 2022/23.
“Em junho deste ano, o processamento da soja fechou em 982,47 mil toneladas (t) no Estado, recuo de 5,64% no comparativo mensal e de 1,27% ante o mesmo período de 2022. O total acumulado de janeiro a junho, ficou estimado em 5,71 milhões t, queda de 1,87% em relação ao observado no ano passado. Esse cenário é reflexo da menor demanda pelos subprodutos e do recuo da margem bruta das indústrias, pois, mesmo com constante baixa no preço da soja em 2023, as cotações dos subprodutos exibiram maiores quedas em comparação com a matéria-prima”, explicam os analistas.
Ainda conforme os analistas, a média da margem bruta em junho apresentou desvalorização de 6,18% em relação ao mês anterior, ficando prevista em R$ 596,85/t. “A média das duas primeiras semanas de julho apontou mais um recuo na margem bruta, o que pode influenciar negativamente no ritmo do esmagamento das indústrias de Mato Grosso”, apontam.
Leia também: Crise global pode elevar preço do milho e dos alimentos, aponta Aprosoja MT
NOVA SAFRA – O levantamento, realizado em junho junto aos informantes do Imea, apontou manutenção na estimativa da safra 2023/24.
“Com o preço da soja futura desvalorizando e os produtores do Estado concentrados na colheita do milho, as incertezas quanto ao cenário produtivo para a próxima temporada da oleaginosa ainda é um fator de atenção. Diante disso, a estimativa de área foi mantida em 12,22 milhões de hectares, incremento inicial de 0,82% no comparativo anual. O avanço anual está abaixo do que foi observado nos últimos anos, reflexo da desvalorização do grão e dos seus subprodutos nos últimos meses, o que está desmotivando maiores investimentos no aumento da área no Estado até o momento”, explicam os analistas.
Em relação à produtividade da soja, a projeção permanece em 59,70 sacas/hectare, indicando um recuo inicial de 4,17% em relação ao rendimento da safra 2022/23. Apesar da estimativa de que os rendimentos exibam queda, é importante citar que neste primeiro momento as projeções ainda são limitadas, visto que alguns pontos que podem impactar no decorrer da safra ainda estão em aberto, como as condições climáticas, ocorrência de pragas e doença, incertezas dos investimentos para a próxima temporada, devido ao alto custo de produção e os menores preços.
Diante da manutenção da área e da produtividade, a produção da safra 2023/24 ficou prevista em 43,78 milhões de toneladas, queda de 3,39% ante a safra passada.