Nestes últimos dias, muito se tem falado sobre a suspensão das importações de carne do Mercosul por parte de empresas francesas. Falou-se ainda, de várias restrições às importações de produtos do Agronegócio do Brasil.
De acordo com dados do COMEXSTAT – banco de dados de Comércio Exterior brasileiro, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC, entre os anos 2000 e 2023, as exportações brasileiras aumentaram em cerca de 518%, passando de US$ 55 bilhões para US$ 339,70 bilhões neste período.
Neste mesmo intervalo temporal as exportações brasileiras para a União Europeia cresceram apenas 234%, saindo de US$ 13,85 bilhões para 46,3 bilhões no período, o que fez com que a participação do bloco nas exportações do Brasil fosse reduzida de 25,2% em 2000 para 13,6% em 2023, uma diminuição de 46% aproximadamente, como se demonstra no gráfico abaixo.
Neste contexto, observa-se que, em 2000, as exportações brasileiras para a França somaram cerca de US$ 1,73 bilhão, representando, neste momento, 3,1% das exportações totais do Brasil. Em 2023, estas exportações somaram US$ 2,93 bilhões, após um crescimento de aproximadamente 70% apenas, o que contrasta fortemente com o ritmo de crescimento das exportações brasileiras neste período e mesmo com as exportações para a União Europeia, muito superiores, como visto acima.
Desta forma, efetivamente, a participação da França nas exportações brasileiras reduziu-se em aproximadamente 73% neste período, atingindo, em 2023, cerca de 0,9% de participação somente.
Entre 2000 e 2023, segundo dados do AGROSTAT – banco de dados do Comércio Exterior do Agronegócio do Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA, as exportações do Agronegócio do Brasil cresceram cerca de 709%, passando de US$ 20,6 bilhões em 2000, quando representava 37,4% das exportações brasileiras, para US$ 166,5 bilhões em 2023, já correspondendo a 49% do total exportado pelo país neste ano.
Mais uma vez, a participação da União Europeia se mostrou decrescente! Em 2000, com US$ 7,5 bilhões em importações do Agronegócio do Brasil, a União Europeia representava cerca de 36,4% das exportações brasileiras do Agronegócio; todavia, em 2023, a União Europeia comprou apenas US$ 21,5 bilhões do segmento do Agronegócio brasileiro, o que equivale a um incremento de somente 187% no período, fazendo com que a participação do bloco nas exportações do Agronegócio brasileiro fosse reduzida para 12,9% apenas; um decréscimo de 65% entre 2000 e 2023.
Neste âmbito, especificamente no setor de carnes o Brasil exportou, segundo dados do AGROSTAT, cerca de US$ 1,96 bilhão em carnes (bovina, suína e de aves) em 2000, com a União Europeia comprando US$ 806,1 milhões neste ano, representando uma participação de 41,2% no total de carnes exportadas pelo país.
Em 2023, contudo, as exportações do setor de carnes do Brasil somaram US$ 23,5 bilhões, com um crescimento de 1.102% em relação às exportações do setor em 2000; todavia, entre 2000 e 2023, as exportações de carnes para a União Europeia cresceram apenas 106% em faturamento, somando US$ 1,66 bilhão, o que é equivalente à cerca de 7,1% de participação nas exportações de carnes do Brasil neste ano.
Deste modo, observa-se que a participação da União Europeia no mercado de exportações de carnes do Brasil decresceu aproximadamente 83% neste período.
De forma semelhante ocorreu com a França. Em 2000, a França importou US$ 20,6 milhões em carnes brasileiras, o que correspondia à aproximadamente 1,05% das exportações de carnes do Brasil naquele ano.
Em 2023, as exportações de carnes (bovino, suíno e aves) do Brasil para a França somaram US$ 3,0 milhões, representando somente 0,01% das exportações brasileiras do setor neste ano.
Assim, de acordo com dados do AGROSTAT, a participação da França nas exportações de carnes do Brasil sofreu uma expressiva redução de aproximadamente 99% entre 2000 e 2023.
É importante destacar que, segundo dados do CAR – Cadastro Ambiental Rural, analisados pela EMBRAPA TERRITORIAL, instituição de excelência reconhecida mundialmente, o Brasil possui cerca de 66,3% de seu território destinados à vegetação protegida e preservada, sendo que destas, a metade (33%) está dentro das propriedades rurais dos produtores brasileiros.
Ressalta-se, neste sentido, que o total das áreas preservadas pelos produtores rurais do Brasil é maior que as das Unidades de Conservação (9,4%) e Terras Indígenas (13,8%) somadas. É fato!
Enfatiza-se ainda que, de acordo com dados do CAR, analisados pela EMBRAPA, as áreas dedicadas à preservação nativa no Brasil em 2021 somavam cerca de 564,23 milhões de hectares, o que corresponde, efetivamente, ao território composto por 48 países da Europa.
Publicação especial MT Econômico – análise de Sérgio Leal, analista de Agronegócios
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