A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade que representa os produtores de carne bovina no Estado, apresentou uma série de demandas para reduzir os prejuízos acumulados pelo setor à presidente em exercício da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputada Janaina Riva (MDB), e ao presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Dilmar Dal Bosco (União). Em um ano, o preço da arroba do boi gordo, em Mato Grosso, passou de R$ 262,25, registrado em 20 de maio de 2022, para R$ 205,85, valor da cotação na última sexta-feira. A desvalorização acumulada é de 21%, segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Mato Grosso possui o maior rebanho bovino comercial do país, com aproximadamente 33 milhões de animais. Em 2022, o Estado exportou aproximadamente 500 mil toneladas de carne e gerou uma receita de US$ 2,7 bilhões.
Atualmente, o Estado possui 108 mil propriedades de produção de bovinos, sendo que 90% possuem até 500 cabeças de animais.
De acordo com dados apresentados pela Acrimat houve um aumento na oferta de bovinos, impulsionado pelo maior abate de fêmeas e pela terminação dos animais no final do período chuvoso. Em contrapartida, o consumo de carne bovina está em queda e atingiu 24,2 quilos (kg) por pessoa/ano em 2022, o menor volume desde 2004, de acordo com Consultoria Agro do Banco Itaú BBA.
Para amenizar os impactos, principalmente na cadeia produtiva primária, a Assembleia Legislativa e o setor da pecuária deverão apresentar propostas que permitam diminuir os custos de produção e estimular o consumo de carne no mercado interno.
Janaína Riva destacou a importância do setor para a economia regional. “A Acrimat apresentou dados que enriquecem as discussões na Assembleia, sobretudo, com relação ao perfil dos produtores que revela que 80% possuem até 250 animais. Se analisar os pecuaristas que possuem até 500 animais, o percentual sobe para 90%. Isso mostra o quanto o segmento – principalmente os pequenos – precisa do suporte da Assembleia. Precisamos auxiliar o setor e fazer a interlocução junto ao governo e buscar ferramentas que possam incentivar o consumo da carne”.
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Dilmar Dal Bosco, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, afirmou que, assim como a cadeia produtiva da suinocultura, que já apresentou demandas à Assembleia, o setor da pecuária também busca soluções para reduzir os impactos da crise e melhorar a rentabilidade.
“A grande preocupação é o aumento do abate de fêmeas e, consequentemente, a possível diminuição do rebanho. Isso porque o preço da arroba caiu 16% no Estado, sendo que o preço da carne não está acompanhando e o consumo está cada vez menor. Pedimos que apresentassem um ofício para a Assembleia com as demandas relativas aos preços da arroba, à diferença de preço entre valor pago ao produtor e o preço da carne e com relação aos incentivos fiscais que precisam ser mantidos”, explicou Dal Bosco.
O economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira Filho, apresentou alguns dados aos parlamentares sobre aumento da oferta de animais, dependência do mercado chinês para dar vazão à produção, maior abate de fêmeas, concentração de plantas frigoríficas e a falta de isonomia entre o valor da carne e o preço pago aos produtores.
Segundo Oliveira, entre 2005 e 2023, o preço da arroba do boi aumentou 390%. No mesmo intervalo de tempo, o preço da carne bovina aumentou 711% no varejo. Na indústria, a valorização foi de 434%. “Não queremos uma intervenção do governo no mercado, que deve ter autonomia, mas diante de um cenário como esses, o poder público deve atuar como moderador. É preciso encontrar alternativas que estimulem o consumo de carne e assim todos vão ganhar”.
PAUTA – Algumas sugestões foram apresentadas pela Acrimat durante a reunião, como ampliar o consumo de carne na merenda escolar, redução do imposto que incide sobre os animais enviados para abate em outros estados, mais recursos dentro do Plano Agrícola e Pecuário do governo federal, voltados para o setor, entre outras iniciativas. O documento final, com dados e sugestões, deverá ser entregue à FPA.