Um dos estados mais afetados pela quebra da safra de soja, Mato Grosso volta a integrar o roteiro do Rally da Safra. Técnicos irão avaliar as lavouras do estado pela terceira vez desde o início da expedição, agora no leste mato-grossense e o alvo é o ciclo mais tardio.
Ontem (16), começaram a ser percorridas lavouras de ciclos médio e tardio nas regiões de Sinop, Gaúcha do Norte, Canarana, Querência, Confresa, Caseara e Alvorada (TO), com encerramento da etapa em Brasília no dia 23. Paralelamente, de Cuiabá, outra equipe seguiu para avaliar áreas em Nova Xavantina, Canarana, Querência, Vira Rica e Redenção (PA, concluindo os trabalhos em Palmas (TO) no dia 22.
As atividades em campo em Mato Grosso começaram no dia 12 de janeiro, com duas equipes na região oeste para avaliar a soja precoce e, também, a da BR 163. Já no dia 27, a região sudeste recebeu outras duas equipes. “Constatamos alta infestação de mosca branca e percevejo, principalmente nas áreas de soja precoce das regiões oeste e médio-norte do estado”, relata Gildomar Lindemann, analista de safra. Cresceu 40% a incidência de percevejo nas amostras coletadas pelos técnicos e 29% a de mosca branca, em relação à safra passada.
Lindemann explica que tem chovido regularmente em Mato Grosso, mas sem atrapalhar colheita, possibilitando aos produtores retirar a soja do campo e implantar a lavoura de milho segunda safra. “As avaliações na região leste serão determinantes para novas revisões de safra no estado”, afirma. A produtividade média pré-rally para Mato Grosso, estimada pela Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, é de 52,5 sacas por hectare (contra 63,8 sacas por hectare na safra passada).
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“Este é mais um momento importante da safra para avaliarmos as áreas de soja em Mato Grosso. Procuramos fazer amostras das lavouras com a colheita em andamento, de preferência com 20% a 50% das áreas colhidas, obtendo assim um quadro melhor da situação e considerando as diferenças entre as lavouras e as diferentes épocas de plantio”, diz o coordenador da expedição, André Debastiani.
TECNOLOGIA – Para planejar o Rally da Safra e definir as rotas, são utilizadas imagens de satélite de cada região. No dia a dia, os técnicos fazem o levantamento quantitativo e qualitativo das lavouras escolhidas aleatoriamente. No quantitativo, analisam os componentes de rendimento da soja, contando os números de plantas, de vagens por planta e de grãos por vagem para ter uma visão do comportamento das lavouras em cada região, levando em consideração o ciclo do cultivar, ou seja, as variedades prontas para colheita e outras que ainda precisarão de mais tempo. O peso e a umidade dos grãos também são fundamentais para estimar a produtividade.
Já o levantamento qualitativo incluí a análise de pragas, doenças, o uso do plantio direto e outros indicadores que auxiliam a compor a estimativa de safra. A metodologia consolidada em 20 edições do Rally permite voltar a campo anualmente e entender o cenário para fazer a estimativa de safra.
Mais de 80 mil quilômetros serão percorridos em 13 estados (MT, RO, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, MA, PI, TO e BA) para avaliar as condições das áreas de soja durante as fases de desenvolvimento das lavouras e de colheita até 24 de março. Outras seis equipes avaliarão as lavouras de milho segunda safra em maio e junho.