Em função dos últimos acontecimentos em relação às exportações brasileiras de carne e o Grupo Carrefour, assim como de demais pautas relacionadas ao comércio exterior do Brasil e do Mercosul é necessário que se tenha uma visão mais ampla do comércio internacional.
De acordo com dados do International Trade Centre – ITC, em 2023 a exportação mundial somou US$ 23,29 trilhões, valor cerca de 5,8% inferior ao do ano anterior.
Dos dez principais países exportadores do mundo apenas quatro apresentaram variações positivas em suas exportações em 2023 em comparação ao ano anterior, com a maioria dos países apresentando variação negativa no período, como se demonstra no gráfico abaixo. O Brasil, entretanto, obteve um incremento de aproximadamente 1,7% no período compreendido entre 2022 e 2023, posicionando-se como o 23º país no ranking mundial de exportações.
Há uma grande concentração no comércio mundial, com as exportações de apenas dez países, somadas, correspondendo à cerca de 50% do comércio total em 2023, como se observa no gráfico abaixo.
O Brasil, em 2023, participou com aproximadamente 1,5% do comércio exterior mundial, tendo aumentado sua participação em cerca de 26% em relação à 2019.
Alguns pontos importantes devem ser considerados no comércio exterior mundial, especialmente os aspectos geopolíticos, que influenciam expressivamente o comércio exterior das Nações.
Segundo dados do ITC, a Federação Russa, por exemplo, reduziu em aproximadamente 29,5% suas exportações em 2023, em relação a 2022, quando iniciou a invasão à Ucrânia.
A Ucrânia, por sua vez, foi mais rapidamente afetada pela invasão ao seu território, tendo já no ano de 2022 uma redução de aproximadamente 34,7% em suas exportações em comparação ao ano de 2021.
Por outro lado, a estabilidade formada por laços comerciais pode influenciar muito positivamente a economia e o comércio exterior de um país. Como exemplo temos o Vietnã, cujas exportações cresceram expressivos 71,5% em cinco anos.
Com pragmatismo comercial deixou antigas desavenças com, imaginem, os Estados Unidos e protagonizam atualmente laços diplomáticos cujo escopo é construir parcerias comerciais estratégicas, com foco no crescimento do país com uma economia fundamentada em tecnologia.
Neste sentido, gigantes como Apple e Intel já se abastecem de fábricas vietnamitas fomentando sua economia e a Boeing fechou acordo com a Vietnã Airlines para o fornecimento de dezenas de aviões, com valores que se aproximam dos US$ 8 bilhões.
Vejamos que o Vietnã, em 2020, ocupava a 22ª posição no ranking de países exportadores; em 2023, entretanto, já ocupava a 15ª posição.
Uma observação final: os Estados Unidos são hoje o maior parceiro comercial do Vietnã, representando em 2023, de acordo com dados do ITC, cerca de 27,5% do total exportado pelo país.
É o pragmatismo comercial vencendo as barreiras políticas!
Publicação especial MT Econômico – análise de Sérgio Leal, analista de Agronegócios
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