Comitiva de diretores da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT) fez um roteiro inédito pelos principais portos da região norte do Brasil, com o objetivo de conhecer os corredores de escoamento de 50% das exportações de grãos de Mato Grosso, além de avaliar os benefícios e gargalos do transporte fluvial.
Para Fernando Cadore, presidente da Aprosoja/MT, a iniciativa foi importante para que as lideranças da entidade pudessem observar como todo o processo funciona, esclarecer dúvidas e ainda compreender a tecnologia que envolve outras áreas integradas à produção, mas que estão da porteira para fora da propriedade.
“Visitamos empresas que se especializaram na fabricação de embarcações, processo que detém alta tecnologia e que realmente impressiona muito de ver como funciona. Outro ponto importante é ver os números do transporte fluvial: um comboio de barcaças com um empurrador e três motores é equivalente a mil caminhões de 37 toneladas”.
Cadore explica que há diversos benefícios com a retirada de caminhões das rodovias, entre eles, o ambiental e o econômico. Além disso, a tendência é tornar o tráfego nas estradas mais seguro para a população, que seria beneficiada também com a redução dos preços dos produtos nas prateleiras dos supermercados.
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“A pauta da logística é hoje uma prioridade para a entidade, que já vem trabalhando em prol da modernização do licenciamento ambiental, porque o Brasil não pode ser diferente do restante do mundo e esbarrar em tantos entraves que impeçam o desenvolvimento não só da agricultura, como da sociedade de maneira geral”, destaca o presidente.
O diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, pontua que os portos do Arco Norte são importantes para o Brasil e, principalmente, para Mato Grosso. O Estado possui três grandes corredores logísticos voltados para o Norte, que são: BR-364 ao Rio Madeira, em Rondônia, BR-163 ao Rio Tapajós, no Pará e o terceiro da BR-158 à ferrovia norte-sul (FNS).
“A diretoria conheceu o que existe de infraestrutura para escoamento da produção estadual, quais vantagens e gargalos. Foi uma ação importante, pois só no corredor da BR-364 tem capacidade de embarque ou escoamento de 16 milhões de toneladas, e no corredor da BR-163, a capacidade chega a 19 milhões de toneladas”, afirma Vaz.
Na avaliação do consultor, a expectativa para a safra 2021/22 é de que esses dois corredores sejam responsáveis pelo escoamento de aproximadamente 24 milhões de toneladas de grãos, sendo 11 milhões pela BR-364 e 13 milhões pela BR-163, com crescimento previsto de 1 milhão de toneladas ao ano, na primeira, e de 3 milhões ao ano, na segunda.
“É importante frisar que a saída pelo Arco Norte significa uma redução significativa do custo de fretes, já que o transporte hidroviário representa 40% do valor do transporte rodoviário, além de mais econômico, é a opção mais ecológica que existe”, avalia Vaz, que fez questão de incluir Macapá no roteiro por se tratar de uma alternativa importante para escoamento a partir da Estação de Transbordo (ETC) de Mirituba, no Pará.
O roteiro realizado para diretoria ocorreu entre 20 e 24 de junho, começando por Porto Velho, Rondônia, com visita as ETCs de Porto Chuelo e Cujubim. Seguindo para Manaus (Amazonas), ao estaleiro da empresa Bertolini, depois até o porto de Itacoatiara e onde também houve visita técnica ao estaleiro da Amaggi. No Pará, a diretoria da Aprosoja/MT acompanhou as operações das ETCs de Miritituba e Itapacurá, em Itaiatuba, visitou o porto de Santarém, e os portos de Vila do Conde, em Belém e em Macapá, no Amapá, viu o funcionamento do porto de Santana.