A safra de cana-de-açúcar está a todo vapor no Brasil. Este ano, a moagem de cana para uso industrial deve ultrapassar 656 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 8,2% em relação à safra anterior. Segundo a Datagro Consultoria, as atuais condições climáticas estão favoráveis para a cultura, com chuvas acima da média beneficiando as lavouras. Além disso, os tratos culturais aplicados à lavoura foram adequados e o desenvolvimento fisiológico da cultura tem sido muito favorável.
Conforme a Datagro, na última safra de 2022/23, a moagem de cana na região Centro-Sul do Brasil atingiu 548 milhões de toneladas, enquanto na região Norte/Nordeste, o volume foi de 58 milhões de toneladas.
Neste cenário, o bagaço aparece como produto com grande potencial de comercialização, sendo o subproduto da cana-de-açúcar de maior expressão, reconhecido por suas inúmeras utilizações e pelo seu alto potencial na geração de vapor e energia elétrica, com inúmeras outras aplicações. A maior parte do bagaço é queimada em caldeiras para produzir vapor e energia, que alimenta a produção de açúcar e etanol. O restante, entre 10% e 15%, são comercializados para outras indústrias e outros usos.
Ainda de acordo com a Datagro, cada tonelada de cana tem, em média, 12,5% de matéria seca de bagaço, enquanto o bagaço tem aproximadamente 50% de umidade, o que significa que na safra 2023/24 da região Centro-Sul haverá 149,6 milhões de toneladas de bagaço com 50% de umidade (598,5×12,5%/50%), o que representa uma venda anual potencial estimada de 14,96 a 22,44 milhões de toneladas por ano.
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O bagaço pode representar até 30% da cana moída na alimentação animal pelo seu alto teor proteico, e também pode ser utilizado para a produção de etanol celulósico, de pellets de bagaço para substituição de carvão mineral, e em inúmeras outras aplicações industriais, para a fabricação de aglomerados, estofamentos, papel e muitos outros produtos.
BOAS PERSPECTIVAS PARA O ETANOL – Outra boa notícia para o setor, é que a mistura do etanol à gasolina, que hoje está em 27,5% poderá mudar em breve. O governo federal cogita aumentar a presença do biocombustível na gasolina para 30%, conforme revelou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em coletiva recente. O tema deve ser levado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A estimativa é de que a produção do etanol deva crescer 6,2% frente ao ciclo anterior, podendo chegar a 30,71 bilhões de litros. Ainda de acordo com a estatal, há uma perspectiva otimista de novos ganhos no mercado externo com as exportações dos produtos derivados da cana na safra 2023/24.