O Brasil está às vésperas para o início do plantio de mais uma safra de soja. No entanto, diferentemente dos anos anteriores, este novo ciclo deverá exigir ainda mais dos agricultores após a confirmação feita pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) de que o fenômeno climático El Niño vai atuar no clima nos próximos meses, podendo se estender até o outono de 2024. Diante deste cenário climático, os agricultores precisam se preparar para mudanças de manejo após três safras sobre a influência do fenômeno La Niña.
No Brasil, o El Niño altera o padrão de chuvas nos extremos do país, com maiores volumes no Sul, e tempo mais seco no Norte e no Nordeste. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a interferência do fenômeno é principalmente sobre a temperatura, deixando a atmosfera mais quente de acordo com a Climatempo.
Frente a esses desafios, o planejamento minucioso desempenha função crucial para o sucesso da lavoura, a fim de minimizar efeitos do clima sobre a produção do grão. Neste sentido, a escolha da melhor variedade, ferramentas de controle de doenças fúngicas e soluções digitais devem fazer parte da preparação desta nova safra.
“Acreditamos que apesar de não existir um ano igual a outro, o manejo tanto neste início de safra quanto no decorrer do ciclo será diferenciado em comparação às últimas safras e as soluções de agricultura digital terão importante função para indicar os melhores momentos das aplicações nas lavouras”, comenta Ricardo Arruda, líder de Agronomia e Operações de Campo da Basf.
No manejo pré-plantio, o serviço de Mapeamento Digital de Plantas Daninhas tem sido responsável por uma economia média de 61% nos insumos utilizados para o controle de plantas daninhas. O mapeamento com uso de drone também mostra ao agricultor uma fotografia atualizada de suas áreas, que ajuda acompanhar o desenvolvimento das plantas, identificando zonas que apresentam anomalias e permitindo que ações corretivas sejam tomadas rapidamente.
Outro suporte digital para o agricultor é o Mapa de Taxa Variável voltado para semeadura e também para adubação. As informações são geradas com dados apoiados por satélite e mostraram aumento na eficiência do plantio e incremento de produtividade de cerca de 2% na cultura de soja.
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CUIDADOS TRADICIONAIS NÃO DEVEM SAIR DO RADAR – Observar o momento correto de semeadura, fazer uso de sementes de alto vigor, cultivares adequadas para sua realidade, e realizar o tratamento de sementes com soluções eficientes também são maneiras de minimizar os efeitos do El Niño no início e ao longo de toda a safra.
Segundo Sérgio Zambon, gerente sênior de Desenvolvimento de Produto da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF, apesar da menor incidência de chuvas em regiões como o Cerrado, é importante manter sempre no radar os cuidados referentes ao tratamento fitossanitário. “O descuido neste ponto pode prejudicar a produtividade da lavoura e deixar fonte de inóculo de patógenos para as culturas semeadas em momentos distintos”, destaca.
Já na região Sul, a maior incidência de chuvas pode contribuir para maior ocorrência de doenças na parte aérea das plantas, e, grandes chances de ocorrências de ferrugem asiática da soja com alta incidência. Por isso, é necessário realizar o monitoramento constante e o controle com fungicidas de maneira preventiva. “Plantas daninhas também terão maior relevância. Utilizar herbicidas pré-emergentes com efeito residual de controle para minimizar o efeito de novos fluxos de plantas não desejadas”, resume Zambon.
A expectativa é de mais uma safra com grande produção: o Departamento de Agricultura Americano (USDA) projeta para o Brasil produção em torno de 163 milhões de toneladas de grãos na próxima safra, um novo recorde para o maior produtor mundial do grão. “Com esses pontos de atenção, monitorando o clima e não deixando de realizar as aplicações necessárias para o manejo no momento certo, conduziremos uma safra de muito sucesso”, finaliza o gerente.