O brasileiro está comendo menos carne bovina e em 2022 foi registrado o menor consumo per capita dos últimos 18 anos. De acordo com relatório divulgado recentemente pela Consultoria Agro do Banco Itaú BBA, o consumo individual de carne ano passado foi de 24,2 kg, em média. Por outro lado, a produção de carne aumentou 7,5% e o excedente produtivo está sendo alocado em outros mercados, principalmente para os consumidores asiáticos.
Entender como o mercado funciona é fundamental para que o produtor possa se planejar e se tornar mais resistente às oscilações decorrentes da oferta e demanda. A consultora de mercado pecuário, Lygia Pimentel, destaca a importância do planejamento estratégico na produção de carne.
Segundo Pimentel, inflação e desemprego foram cruciais para reduzir o consumo interno de carne bovina. No contexto mundial, porém, a falta de animais disponíveis para o consumo na Ásia e o aumento do poder aquisitivo da população fez com que o Brasil fortalecesse o mercado internacional de carne bovina.
“Quando a renda da população cai, naturalmente o consumidor migra para outras proteínas, isso foi registrado no mercado doméstico. Porém, algumas regiões demandam cada vez mais carne, principalmente os países asiáticos, como a China. Com isso, o Brasil passou a exportar mais, dentro de um contexto mundial de falta de animais. Por que falar tudo isso? Entender o comportamento dos preços no mercado é essencial para o planejamento da produção”, explica a consultora.
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Segundo Lygia Pimentel, muito se fala sobre ferramentas para mitigar os riscos de preço, como seguro e trava de preço na Bolsa de Valores. Para ela, porém, essa é a cereja do bolo. “Antes de travar preço, é preciso fazer a massa e a cobertura do bolo. A massa é o diagnóstico econômico, saber se a atividade está dando lucro ou prejuízo, onde estão os gargalos técnicos, até porque, aspectos econômicos e técnicos estão atrelados. Depois disso, a cobertura traz as informações sobre o mercado, conhecer o ciclo da pecuária, entender o padrão de consumo, de oferta e de preço, tudo isso vai direcionar os investimentos necessários para garantir lucratividade”, afirma.
Para o gestor e consultor Neto Emiliani, ter informações na mão é importante para que o produtor tome as decisões certas. “Não adianta pensar no mercado de hoje, é preciso entender de mercado, de números, ter estratégia para pensar na frente. O produtor precisa ter profissionais ao lado para fazer análise econômica, para analisar a gestão da propriedade, conhecer os custos. Sem isso, os riscos de perder dinheiro é muito grande. Planejamento e estratégia são fundamentais”.
Os dois especialistas destacaram o potencial brasileiro em produzir alimentos para o mundo em áreas já consolidadas, mas foram categóricos em dizer que o sucesso depende de como cada um vai conduzir os negócios.