O Corredor Centro-Norte ganha cada vez mais destaque como um grande potencial para o setor agropecuário, principalmente para o escoamento da produção agrícola de estados do Matopiba, além do Pará e boa parte de Mato Grosso e Goiás, com mais eficiência e, possivelmente, menor custo, tendo em vista o forte direcionamento para a multimodalidade. A informação é do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta semana.
De acordo com o boletim, ainda há a expectativa, com o desenvolvimento da BR do Mar (lei que instituiu o programa de incentivo à cabotagem no Brasil), de utilização da navegação para o transporte de cargas. “O forte crescimento dos portos do Arco Norte – hoje uma grande opção de escoamento de safra para Mato Grosso – além da possibilidade de negociações para exportações de grãos saindo de Itaqui, no Maranhão, pelo Canal do Panamá, pode garantir ainda mais competitividade para o agronegócio no País”, avalia o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth.
Ainda como ele destaca a produção nacional de grãos acima do paralelo 16 corresponde atualmente a 49,8% do total, fornecida pelos estados do Norte e Nordeste, Mato Grosso, parte de Goiás e Distrito Federal. “Considerando somente milho e soja, dois dos principais grãos do País, na atual safra, cerca de 127 milhões de toneladas devem ser movimentadas nesta região e, hoje, um dos principais corredores logísticos para o escoamento desta produção é o Corredor Centro-Norte”.
O Corredor Centro-Norte tem como principal eixo de movimentação de cargas a Ferrovia Norte-Sul (FNS), que segue do município de Estrela D’Oeste/SP até Açailândia/MA, mas é interligada também à Estrada de Ferro de Carajás/PA, que vai até o Complexo Portuário do Maranhão. “A FNS é uma das principais ferrovias nacionais, não somente pelos investimentos que estão sendo feitos, mas por sua extensão e ligação com outras ferrovias que fazem parte dos projetos de investimentos logísticos do País”, explica Thomé.
“Além disso, este corredor pode dispor de rodovias e ainda duas potenciais hidrovias: a do Araguaia e do Tocantins”.
Leia também: Rumo recebe licença de instalação para construção de trecho da 1ª Ferrovia Estadual
O boletim da Conab destaca ainda os investimentos no terminal de Palmeirante, no Tocantins, que deve possibilitar uma nova dinâmica em toda a região do corredor Centro-Norte, com a movimentação de cargas por meio de logística integrada, que inclui a entrega de grãos para exportação e retorno com fertilizantes para as regiões produtoras.
Estima-se um volume de movimentação de fertilizantes entre 3,5 a 4 milhões de toneladas/ano, atendendo à região do Matopiba, Vale do Araguaia e parte de Mato Grosso e do Pará. Atualmente, há uma grande concentração de misturadoras de adubos nas regiões Sul e Sudeste do País, sobretudo próximas ao Porto de Paranaguá. No entanto, já começam a surgir novas plantas de misturadoras de adubos próximas aos portos do Arco Norte. Com esses investimentos em uma logística mais eficiente, por meio de terminais aliados a um sistema multimodal de transporte, acredita-se que deverão surgir novas plantas de misturadoras de fertilizantes acima do paralelo 16.
COLETA – O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que contém dados coletados nos estados de MT, MS, GO, DF, PR e BA, e mostra aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra. Neste ano, a Companhia iniciou a ampliação do estudo, com a inclusão das pesquisas em outros estados, como o Piauí. As análises relativas ao Piauí devem ser incluídas no Boletim Logístico ainda este ano.
Leia mais: Plano Safra 2022/23 será robusto, diz ministro Marcos Montes