O primeiro painel da Expoind MT 2025 foi realizado ontem (5), no espaço Arena SFIEMT, e abriu a programação técnica da feira com o tema “Transição energética: Desafios e oportunidades para o futuro dos biocombustíveis”. A discussão foi mediada por Giuseppe Lobo, diretor-executivo da Bioind, e reuniu representantes de indústrias, entidades e empresas de tecnologia para debater cenários, oportunidades e desafios do setor.
Entre os destaques, o diretor-executivo da Unibio – Sindicato das Indústrias de Biodiesel de Mato Grosso, José Alexandre Golemo, apresentou números que reforçam a força do setor no Estado. Segundo ele, a produção de biodiesel injeta aproximadamente R$ 10 bilhões por ano na economia mato-grossense, gerando emprego, renda e valorizando matérias-primas regionais.
Golemo também ressaltou o avanço sustentável da cadeia. A produção contribui para a redução das emissões de CO₂ e utiliza o sebo bovino — uma gordura resultante do processamento da carne, antes com baixo valor agregado — como insumo estratégico na fabricação do biocombustível.
“Em Mato Grosso temos perspectivas muito positivas. Nós temos matéria-prima à disposição, volume e qualidade — e isso impulsiona cada vez mais a cadeia produtiva. Tudo isso agregando valor à economia do estado.”
A visão sobre novas oportunidades também foi compartilhada por Rafael Piacenza, gerente regional de Marketing da Novonesis. Ele explicou que a empresa está investindo na ampliação de sua capacidade de produção de enzimas e leveduras usadas na fabricação de etanol.
Piacenza também apresentou as perspectivas de crescimento para o setor, destacando oportunidades de integração produtiva e pontos estratégicos que podem impulsionar o avanço dos biocombustíveis em Mato Grosso e no país.
“Entre os caminhos de expansão, vemos a integração entre usinas de açúcar e plantas de milho, o uso do sorgo em regiões com menor disponibilidade hídrica e a ampliação do etanol hidratado, que ainda tem baixa penetração em alguns mercados. Por outro lado, a disponibilidade de biomassa segue como um dos principais desafios para o crescimento do setor, somada à necessidade de investimentos em DDGS para aumentar a competitividade no mercado de nutrição animal e garantir a viabilidade das exportações.”
Fechando o painel, Misael Pierre Possi Flores, coordenador de Engenharia da Ecogen Brasil, apresentou soluções voltadas à eficiência energética industrial. Ele explicou que a empresa é referência nacional no investimento, desenvolvimento e operação de plantas de geração de energia e utilidades que apoiam a transição energética das empresas.
A Ecogen também compartilhou casos reais de indústrias que reduziram custos e aumentaram a eficiência com tecnologias implantadas pela companhia. O coordenador ressaltou ainda que Mato Grosso detém 21% do potencial brasileiro de geração de biometano a partir do biodiesel, o que representa cerca de 1.600.000 Nm³/dia, colocando o Estado como o segundo maior potencial do país. “Estamos estudando formas de explorar ainda mais a pecuária de Mato Grosso, que possui o maior rebanho bovino do país. Os desafios são trazer conscientização, consciência e infraestrutura. Mas tudo pensado em mais eficiência.”
CÂMARAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL – As câmaras internacionais de comércio — Brasil-Peru, Brasil-Paraguai, Índia-Brasil e Câmara Chinesa de Comércio do Brasil — marcam presença na Expoind MT 2025, conectando a indústria mato-grossense a empresários interessados em expandir seus negócios além das fronteiras nacionais. O evento que se encerra hoje (6), no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, segue com entrada gratuita.
As entidades estão reunidas em um estande dedicado à promoção de oportunidades de investimento e exportação, incentivando a internacionalização da indústria mato-grossense. No mesmo espaço, a ApexBrasil também participa com um estande próprio, reforçando o papel estratégico do evento na aproximação entre empresas locais e o mercado global.
“A internacionalização permite que as empresas tenham acesso a insumos e maquinários mais competitivos por meio da importação e, ao mesmo tempo, alcancem novos mercados pela exportação. Essa conexão amplia a competitividade, diversifica os destinos comerciais e impulsiona o desenvolvimento industrial do estado”, afirmou o coordenador de Internacionalização da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Antônio Lorenzzi.
De acordo com os representantes das câmaras, a presença na feira busca fortalecer o intercâmbio de informações, fomentar parcerias e abrir novas frentes comerciais entre Mato Grosso e diferentes países.
A presidente da Câmara de Comércio Brasil-Peru, Athena Campos, destacou o potencial logístico, turístico e gastronômico para estreitar as relações com o país vizinho. “A câmara é uma plataforma de negócios que vem atuando de forma ativa há dois anos, e Mato Grosso faz todo o sentido dentro desse contexto. Quando falamos de logística e escoamento de grãos, por exemplo, o novo Porto de Shankai, perto de Lima, reduz em um terço o tempo para exportar grãos para a China. Isso impacta diretamente no custo logístico e cria uma conexão natural entre os dois países”, afirmou.
Segundo ela, além do agronegócio, outros setores estão em evidência nas relações comerciais entre Brasil e Peru. “O turismo, a gastronomia e a logística são as três principais vertentes de interesse. Temos visto empresas de transporte, comunicação e marketing buscando apoio para internacionalizar seus negócios, e o Peru se apresenta como uma porta de entrada estratégica para isso”, completou Athena.
O diretor executivo da Câmara Brasil-Paraguai, Jean Arald, ressaltou o papel do país vizinho como rota estratégica para o escoamento da produção mato-grossense. “O Paraguai será um ponto fundamental na rota bioceânica, ligando os dois oceanos. Isso vai facilitar o escoamento da safra de soja e outros produtos do estado. Nosso papel é fomentar as indústrias que queiram investir ou produzir no Paraguai, criando oportunidades de negócios bilaterais”, explicou.
Ele lembrou que empresas brasileiras já vêm investindo em plantas industriais no país. “Temos o exemplo da JBS, que está ampliando suas operações no Paraguai, com investimentos de cerca de 58 milhões de dólares. É um movimento que reforça a integração econômica e o fortalecimento da indústria mato-grossense”, disse.
Representando a Câmara Chinesa de Comércio do Brasil, Amanda Dávila destacou que o objetivo principal é ampliar a cooperação entre empresários brasileiros e chineses. “A câmara atua como uma plataforma de negócios, oferecendo um ambiente propício para o empresário que deseja atuar no mercado internacional. Mato Grosso é um estado com setores estratégicos muito fortes, o que o torna atrativo para investidores chineses”, afirmou.
Ela reforçou que eventos como a Expoind são fundamentais para impulsionar essa troca. “A China tem vindo em peso para o Brasil, e é importante mostrar o potencial que estados como Mato Grosso oferecem. Ao mesmo tempo, os empresários locais têm a oportunidade de conhecer o que há de mais avançado em tecnologia e inovação no mercado chinês. É uma via de mão dupla, com benefícios para ambos os lados”, destacou.
Já o representante da Câmara de Comércio Índia-Brasil, Guilherme Mota, ressaltou que a instituição tem trabalhado de forma próxima à indústria mato-grossense. “A Câmara Índia-Brasil é uma das principais plataformas de promoção das relações bilaterais entre os dois países. Temos um escritório regional em Cuiabá e já auxiliamos empresas do estado a exportar e a iniciar negócios com a Índia”, contou.
Segundo ele, o intercâmbio tecnológico e o investimento direto são áreas com grande potencial. “Há espaço tanto para a troca de tecnologia quanto para parcerias em setores estratégicos. Empresas indianas têm demonstrado interesse em investir em Mato Grosso, e a indústria local também pode expandir sua presença no mercado indiano”, concluiu.
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