A atmosfera e o oceano mais uma vez mostram sinais de que o El Niño veio para ficar, pelo menos nos próximos trimestres. Esse fenômeno climático, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico equatorial, tem potencial para alterar os padrões climáticos em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, como chama à atenção metereologista, Gabriel Rodrigues e o Agrolink.
Em julho, o El Niño se consolidou ainda mais, conforme indicado pelas temperaturas acima da média na superfície do Oceano Pacífico. Todas as principais regiões de monitoramento do Pacífico central e leste apresentaram temperaturas acima da média significativas. Por exemplo, o índice Niño-3.4, que é uma referência chave, registrou +1,1°C acima da média.
Mesmo assim, as projeções indicam que o fenômeno pode adentrar o ano de 2024 seguindo com chances elevadas (82%) até a entrada do próximo outono, no trimestre de março-abril-maio. Contudo, prognósticos muito distantes têm uma menor assertividade. O que é consenso neste momento é a consolidação do fenômeno trimestre de julho-agosto-setembro.
Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e fibra, inicia o cultivo da nova temporada em setembro, com a primeira safra, onde o carro-chefe é a soja. Para dar o start do novo ciclo, os produtores rurais esperam pelas chuvas, já que o plantio da oleaginosa é liberado a partir do dia 15 de setembro. Entre dezembro e janeiro, na medida que a soja super precoce e precoce vai sendo colhida, planta-se algodão e milho. Por isso, tanto os alertas climáticos para este trimestre, quanto ao primeiro trimestre de 2024 importam e devem impactar nos resultados do novo ciclo.
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A pergunta que muitos agricultores fazem é: “Como isso pode afetar a minha lavoura?”. Primeiramente, é importante salientar que o El Niño tem implicações variadas dependendo da região e da estação do ano. Em algumas áreas, pode significar chuvas acima da média, enquanto em outras, condições mais secas.
É esperado que o El Niño persista durante o nosso verão de 2023-24. Há uma confiança crescente de que este será um evento “forte” do El Niño, com uma probabilidade de 60% de atingir ou exceder a marca de 1,5°C acima da média no período de novembro a janeiro.
No entanto, vale ressaltar que um El Niño “forte” não significa necessariamente impactos igualmente intensos em todas as localidades. O efeito local varia e, muitas vezes, a chance de anomalias climáticas associadas é menor do que a probabilidade do próprio El Niño.