Durante o XI Seminário de Energia “Oportunidades no Setor Elétrico em Mato Grosso”, o CEO da 2W Ecobank, Cláudio Ribeiro, entre outros especialistas deram destaque ao tema “Mercado Livre de Energia”.
O primeiro dia de seminário foi realizado nesta segunda-feira (8), e contou com a presença de grandes nomes do Estado que contribuem para o mercado da energia e desenvolvimento econômico, como o presidente do Sindenergia, Tiago Arruda, o ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, além de representantes de empresas de energia. Arruda defendeu a segurança jurídica do setor conforme entrevista publicada ontem pelo MT Econômico.
Também entrevistado pelo MT Econômico, o CEO da 2W Ecobank, Cláudio Ribeiro falou sobre a dificuldade de regulação no setor elétrico, uma vez que, na prática, nem todos os consumidores conseguem acessar o Mercado Livre de Energia. Para ele, a regulação atual divide os consumidores de baixa, média e alta tensão.
“Nós, consumidores de baixa tensão, somos chamados de cativos da distribuidora [tipo de cliente que é obrigado a consumir energia elétrica da concessionária de distribuição da sua região]. Ou seja, não podemos escolher comprar energia de um gerador, a não ser que seja por intermédio da concessionária. Se tivéssemos a liberdade regulatória, que é o que eu defendo, poderíamos lá em São Paulo comprar energia solar de Mato Grosso, que é mais barata”, disse o CEO.
Segundo ele, o acesso de liberdade regulatória só é dado, por meio do Mercado Livre de Energia, para grandes empresas, que são os consumidores de alta tensão.
O Mercado Livre de Energia surgiu como alternativa para que grandes consumidores – com potências iguais ou superiores a 500 Kw – conseguissem escolher o próprio fornecedor de energia elétrica e negociar as condições de preços e reajustes, por exemplo. No entanto, a modalidade é permitida somente aos grandes consumidores, e não aos pequenos.
“O Brasil tem 90 milhões de consumidores de energia, dos quais apenas 30 mil estão comprando energia mais barata no Mercado Livre. Isso acaba criando muita restrição de acesso, porque esses 30 mil são empresas grandes, não pequenos consumidores. Precisa haver uma mudança regulatória para dar a alternativa para os consumidores menores de terem acesso a uma energia mais barata”, afirmou Cláudio Ribeiro, ao enfatizar que a modernização do setor elétrico, por meio do mercado livre, representará um avanço econômico para a população.
O CEO ainda destacou que, em Mato Grosso, existem 4 mil empresas que já poderiam estar no processo de migração para o Mercado Livre de Energia, segundo um estudo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). “São 4 mil empresas que poderiam estar fazendo o que as grandes empresas fazem, mas elas estão sendo cativas e não sabem disso”, disse Cláudio em entrevista.
Energia de Bases Renováveis
Quem também participou do seminário foi o diretor da OEC Energia (Odebrecht Engenharia e Construção), Fernando Chein Muniz. Ao MT Econômico, ele falou sobre o tema ‘Energia de Bases Renováveis’, necessária ao crescimento do PIB e desenvolvimento das energias renováveis, como a energia solar e eólica.
“As energias solar e eólica são fundamentais no país, porém são intermitentes, ou seja, geram somente quando tem sol e vento. Por isso a importância de ter uma base de geração de energia que permita que as demais fontes se desmobilizem”, disse.
De acordo com Chein, a única energia de base que o Brasil tem em abundância são as hidrelétricas. “Precisamos mostrar que o país ainda tem um potencial muito grande de exploração de hidrelétricas e que pode ser aproveitado para que as demais fontes sigam crescendo, assim como o país”.
“A energia hidrelétrica é uma fonte renovável. Até os anos 2000, a capacidade de armazenamento que o sistema de hidrelétricas tinha no Brasil era de 8 meses, hoje esse número está na metade, com 4 meses. Por isso a crise hídrica em 2021. As termelétricas, realmente, acionam e conseguem atender, só que as energias que poluem são caras. No entanto, o Brasil não pode abrir mão de uma fonte, precisa ter todas e ter o cuidado da expansão hidrelétrica com os reservatórios porque é o que garante nosso crescimento”, acrescentou à entrevista do MT Econômico.
Outro ponto citado pelo diretor da OEC Energia, foi a importância da autossuficiência energética para o país. “O Brasil tem vantagem de ter hidrelétrica. Recentemente, muitos países europeus dependiam de suplementos do combustível, que é o gás da Rússia, e com a guerra com a Ucrânia, muitos ficaram sem o combustível. Para uma hidrelétrica, o combustível é água, está no país, não depende de ninguém. Até do ponto de vista estratégico nacional, você tem uma garantia interna de que não precisa de ninguém para fornecer, ou seja, tem uma autossuficiência energética, que é o ponto mais importante para o crescimento do país”, pontuou.
Em Mato Grosso, segundo Fernando Chein, o grande potencial hidrelétrico está na região norte. “Quando se tem uma seca na região sul e sudeste, tem chuva. Os rios de Mato Grosso que estão tendo muito potencial estão no norte, ou seja, pega a influência dessa região e isso contribui”, finaliza.
O XI Seminário de Energia “Oportunidades no Setor Elétrico em Mato Grosso” foi realizado entre 08 e 10 de maio, pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás de Mato Grosso (Sindenergia), com apoio da Federação das Indústrias do Estado (Fiemt) e Lide Mato Grosso.
Leia também: Indústrias de MT podem economizar até 30% buscando energia no mercado livre