Num cenário de fraco crescimento da economia brasileira em 2018 (1,1%), alguns setores econômicos de Mato Grosso fecharam o ano no vermelho, como é o caso do segmento atacadista e distribuidor que, segundo dados do ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), houve uma retração de 0,15% de um ano para outro. Em nível nacional, o setor teve crescimento de 1,35% no ano passado, superando a meta de 1%.
O presidente da Associação Mato-grossense de Atacadistas e Distribuidores (AMAD), João Carlos Sborchia, comentou os números com bastante preocupação, em virtude de um cenário econômico ainda pouco animador para este primeiro semestre de 2019. "Não obstante o setor no país ter tido um crescimento real no ano passado, em Mato Grosso foi diferente do resto do Brasil em razão da forte concorrência que temos com outros estados, principalmente de Goiás", explica.
Outro aspecto que pesou bastante no faturamento negativo do atacado distribuidor no estado, segundo Sborchia, é a excessiva tributação das bebidas alcoólicas. "O setor atacadista mato-grossense hoje não consegue comercializar em função dos altos tributos. Precisamos mudar isso para transformar essa realidade e crescer de forma sustentável este ano", afirmou o presidente da AMAD.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor de Mato Grosso (SINCAD-MT), Sebastião dos Reis Gonçalves (Tião da Zaeli), há alguns anos os atacadistas e distribuidores do estado vem sofrendo com restrições tributárias, problemas logísticos e forte concorrência de atacados de outros estados que são beneficiados com incentivos fiscais. "Para se ter uma ideia, os atacados de Goiás invadem todo o mercado brasileiro. O setor tem muito incentivo e um atacadista de lá fatura por todos os nossos", comenta.
Tião da Zaeli lembra ainda da onda crescente dos atacarejos, que têm tomado uma boa parcela de faturamento dos atacadistas, principalmente do pequeno comerciante que revende as mercadorias. "Nesse cenário, o canal de distribuição formado pelos atacadistas só vem perdendo espaço, apresentando taxas menores de crescimento a cada ano", ressalta.
O faturamento anual dos atacadistas e distribuidores de Mato Grosso gira em torno de R$ 5 bilhões, com uma frota de aproximadamente 10 mil veículos, e a geração de mais de 40 mil empregos diretos e indiretos em todo o Estado. O setor abastece em torno de 62% do canal varejista do estado.
Além de gerar emprego e renda, a AMAD e o SINCAD-MT realizam durante todo o ano várias campanhas sociais, por meio da AMAD Mulher, braço social das entidades, com foco na melhoria das condições sociais de crianças, idosos e famílias de baixa renda. Somente em 2018 foram doados 25.785 toneladas de alimentos, 6200 fraldas geriátricas, 1600 caixas de produtos de higiene e limpeza, mil brinquedos, 700 peças de roupas e R$ 107,9 mil em recursos para projetos sociais e culturais, atendendo mais de oito mil pessoas em 24 entidades assistenciais de Cuiabá e Várzea Grande.