Diante do cenário de forte desvalorização do arroz e dificuldades de mercado, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) esteve novamente reunida nesta semana, em Brasília (DF), com representantes do governo federal para tratar de medidas emergenciais de apoio ao setor produtivo. O encontro contou com a participação do presidente da entidade, Alexandre Velho, e do presidente eleito, Denis Dias Nunes, além de representantes da Conab, Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Fazenda.
Durante a reunião, os dirigentes da Federarroz relataram o momento crítico vivenciado pelos produtores. “Deixamos claro que a situação está insustentável. Além dos preços estarem muito baixos, o mercado enfrenta uma grave falta de liquidez. Precisamos com urgência de alguma medida de apoio aos produtores”, destacou Alexandre Velho.
Entre as possibilidades debatidas, foi sinalizada a adoção de uma ação de curto prazo ainda em 2024, como o uso de contratos de opção — ferramenta que permite compras com flexibilidade de até 20% acima do preço mínimo. Também foram mencionadas eventuais medidas no novo Plano Safra, com foco no próximo ciclo produtivo.
Durante a reunião, o presidente da Conab, Edegar Pretto, destacou o compromisso institucional da Companhia com o equilíbrio do mercado e o bem-estar da população. “O governo federal trabalha para garantir preço justo ao consumidor e ao produtor. Já conseguimos reduzir o preço nos supermercados, e agora estamos atuando para preservar a renda dos agricultores e dar continuidade à produção. Nosso objetivo é construir um cenário de estabilidade, sem volatilidade, por meio dos instrumentos da Política Agrícola”, afirmou.
Entre as alternativas avaliadas pelo governo está a ampliação do uso do Contrato de Opção de Venda (COV), com estudo de detalhes jurídicos, uma vez que a colheita já foi finalizada. Esse mecanismo foi lançado no final do ano passado para permitir a compra de até 500 mil toneladas de arroz. No entanto, a medida teve baixa adesão e resultou na negociação de apenas 91,7 mil toneladas em três rodadas de leilões realizadas pela Conab. Os preços de exercício foram fixados em R$ 86,03 por saca para julho e R$ 87,62 para agosto. Com a recente queda no valor de mercado, atualmente próximo ao preço mínimo, os produtores estão preocupados e agora solicitam nova ação do governo federal para garantir renda..
A Federarroz reforçou, no entanto, sua posição contrária à compra de arroz pelo preço mínimo vigente, de R$ 63,00 por saca. “Esse valor de forma alguma representa uma faixa de preço que sustente os custos reais da lavoura de arroz. O setor produtivo foi enfático: se os preços permanecerem neste patamar, haverá uma drástica diminuição na área plantada, o que certamente não interessa ao governo”, alertou o dirigente.
No encerramento da agenda, Alexandre Velho reiterou sua preocupação com a ausência de medidas imediatas. “Saio da reunião preocupado e espero sinceramente que o governo federal tenha compreendido a gravidade do momento”, afirmou.
Ainda nesta semana, a entidade também esteve reunida em Porto Alegre com representantes de instituições financeiras, como Banco do Brasil e Sicredi, tratando do escalonamento das dívidas de custeio como estratégia para reduzir a pressão de venda nos meses de junho e julho.
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