O setor que é considerado a base da economia do País, o agronegócio, passa mais uma vez por momentos desafiadores e nem todos que fazem parte deste segmento têm o que comemorar em 2022. É o caso dos suinocultores mato-grossenses, que há vários meses enfrentam a pior crise da história na atividade, mas que agora começam a vislumbrar horizontes melhores, a partir de ferramentas implantadas pela Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), como a Bolsa de Suínos e a Central de Negócios.
As iniciativas visam minimizar os prejuízos que assolaram os suinocultores do Estado no primeiro semestre, principalmente para os independentes. De acordo com levantamento da Acrismat, nos meses de fevereiro, março e abril os prejuízos por animal vendido ficaram entre R$ 200 e R$ 300, o que causou o fechamento de granjas e o fim da atividade de produtores que estavam há décadas no setor por não suportar os prejuízos.
Diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, explica que o segmento aumentou sua produção em todo o País por conta da crise enfrentada na China, que devido à Peste Suína Africana (PSA) diminuiu drasticamente seu plantel e começou a importar grande quantidade da proteína, aumentando a demanda da carne suína no mercado internacional.
“Além de a nossa produtividade ter aumentado muito houve o aumento no número de matrizes, que chegou a quase 34% no período, o que levou a um excesso de carne no mercado, e consequentemente, diminuiu o valor pago ao produtor. Mas, a promessa de que a China continuaria a comprar grande quantidade por muito tempo não se concretizou e o país asiático logo equilibrou sua produção, o que fez com que o produtor independente daqui, principalmente, sofresse com essa situação”, pontua Rodrigues.
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SUPORTE – Para tentar melhorar o cenário, em maio, a Acrismat iniciou a Bolsa de Suínos, ferramenta que melhorou o ambiente de negociação entre os suinocultores e compradores, e diminuiu a especulação do preço da carne suína no mercado. “Há dois meses começamos a realizar as negociações, que ocorrem uma vez por semana. De lá para cá observamos uma melhora no preço pago ao produtor“, afirma o diretor executivo.
Além do baixo preço pago ao produtor, o alto custo de produção causado pelo elevado preço do milho e do farelo de soja (que juntos correspondem a mais de 80% do volume da ração fornecida aos animais) completaram o cenário desfavorável à atividade. Para dar mais poder de negociação e melhorar a relação do custo de produção, a Acrismat prepara o lançamento de uma Central de Negócios que possibilitará aos produtores a realização de compras coletivas e até mesmo negociar sua produção.
“A Central de Negócios surge para diminuir os custos dos insumos, por exemplo, e possibilitar a realização de compras coletivas, dando maior poder de negociação aos associados na hora de fechar negócio com os fornecedores. A Central vai unir os produtores, trazer benefícios através das ações coletivas e soluções conjuntas para melhorar ainda mais o desempenho das granjas”, explicou o presidente da Acrismat, Itamar Canossa.
O presidente conta que a Central de Negócios está na fase final de implantação e em breve será realizado um evento para apresentar a ferramenta aos suinocultores. Mais uma iniciativa que visa melhorar o ambiente comercial do segmento e recuperar as perdas registradas nos últimos meses.
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