O desempenho dos animais avaliados pela Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT) surpreende com ganhos médios diários acima de 850 gramas durante 14 meses de prova e de até 1,2 kg na fase de resgate (entre setembro e dezembro). O experimento foi realizado com animais 100% Nelore que iniciaram com uma média de 7 arrobas de peso corporal e ficaram prontos para o abate com mais de 20 arrobas.
Ao todo, participaram da prova 600 animais (de 20 criadores), dos quais 176 foram analisados pela equipe do NEPI – Núcleo de Núcleo de Estudo em Pecuária Intensiva – da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Sinop. O objetivo principal do experimento é mostrar a importância da intensificação e ainda agregar ferramentas de tomadas de decisão nas diversas fases de cria, recria e engorda ao produtor.
O experimento se encerrou entre os dias 9 e 10 de novembro, com abate técnico, que vai medir e cruzar dados de qualidade de carcaça e carne. Inicialmente avaliou-se a eficácia de duas taxas de ganho de peso durante o “resgate de animais”, que é uma ferramenta utilizada durante as fases de seca e de transição seca para águas e a utilização de diferentes protocolos de alimentação após o período de resgate para garantir maior rentabilidade ao criador.
Números parciais foram apresentados no mês de dezembro pela professora Drª Kamila Andreatta, coordenadora do NEPI, apontando a importância da genética do gado Nelore para evitar, por exemplo, o surgimento de “bois bolinha”. Mas ela acredita que é possível obter vários dados relevantes para a pecuária de Mato Grosso.
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“Não tivemos nenhuma ocorrência desse tipo, de “boi bolinha”, o que demonstra a importância da genética dos animais, que sabem trabalhar o alimento e não transformam tudo em gordura e sim em músculo. Outra avaliação que fizemos, previamente, é que há tendência nos animais que ganharam mais peso de ter uma carne melhor e com teor de maciez perceptível para qualquer classe econômica e 63% dos animais estavam abaixo dos 18 meses”, avalia Drª Kamila.
A pesquisadora acrescenta que foi importante avaliar separadamente cada uma das fases: “Nesse período, observamos diferentes taxas de ganho de peso, isso desde que os animais saíram da desmama para o confinamento, no período da seca, obtivemos ganhos de 750 gramas/dia e 1,2 kg/dia. Depois eles foram subdivididos em grupos com tipos de alimentação diferentes: apenas mistura mineral no pasto e um suplemento proteico energético. A finalização foi feita no sistema de terminação intensiva a pasto em que receberam 1,5% peso corporal em suplemento”.
Os questionamentos são respondidos por meio dos números obtidos: “Coloco só no mineral com boa disponibilidade de pasto? Ou proteico energético? Isso vai depender de quanto o criador pode gastar/investir. O experimento vai compilar quatro estratégias centrais, então, vai ser possível ‘jogar xadrez’ para conciliar as melhores opções de uma e de outra opção”, acrescenta Drª Kamila.
Conforme o presidente da ACNMT, Aldo Rezende Telles, o trabalho da associação vem sendo justamente esse, contribuir com o pecuarista no processo de modernização e boas práticas, para que alcance maior rentabilidade do negócio. “Não dá mais para trabalhar na base do ‘achismo’, por isso a parceria com a universidade é fundamental para chancelar as informações e apontar os melhores caminhos”.
Telles destaca que se antes o criador conseguia fazer o animal chegar a 16 arrobas com mais de 36 meses, hoje, é possível alcançar resultado melhor, com cerca de 20 arrobas, em até 26 meses. “Esse resultado é muito significativo porque consegue atender o mercado da China, que é exigente, pois busca carne de melhor qualidade e animais precoces“.
Esse é o terceiro experimento realizado pela ACNMT em parceria com o NEPI da UFMT de Sinop, que desta vez subsidiará a tese da doutoranda Jarliane do Nascimento Sousa.