A irrigação por pivôs tem sido um divisor de águas na produtividade agrícola, especialmente em estados como o Mato Grosso, um dos principais polos do agronegócio nacional. No entanto, a implementação desse sistema esbarra em um desafio fundamental: a infraestrutura elétrica. A qualidade e a disponibilidade de energia em áreas rurais ainda são entraves que dificultam o acesso a essa tecnologia, essencial para garantir a eficiência das lavouras.
O crescimento do agronegócio demanda uma infraestrutura elétrica robusta e confiável, mas a realidade no campo é outra. Em muitas regiões, as redes são antigas, e os transformadores são subdimensionados, incapazes de suprir a potência necessária para operar os pivôs de irrigação. Para piorar, diversas propriedades rurais estão distantes dos pontos de conexão, exigindo investimentos elevados para extensão e reforço das linhas de transmissão.
“O grande problema é que essa responsabilidade acaba recaindo sobre os produtores rurais, que precisam arcar com custos elevados para a adequação das redes elétricas. Pequenos e médios agricultores, muitas vezes, não têm capital para esse tipo de investimento inicial”, explica Diogo Vogel Lisboa, engenheiro eletricista e CEO da Vogel Engenharia e Consultoria.
Diante desse cenário, muitos produtores acabam adiando ou até desistindo da implementação dos sistemas de irrigação, o que limita a expansão da produtividade agrícola.


BAIXA QUALIDADE DA ENERGIA E IMPACTOS NO CAMPO – Além da infraestrutura precária, a qualidade da energia fornecida nas áreas rurais também é um problema grave. Oscilações de tensão e interrupções frequentes afetam diretamente o funcionamento dos pivôs de irrigação, podendo causar danos aos motores elétricos e aumentar os custos com manutenção.
“Não é incomum que sistemas inteiros sejam desligados por conta de uma queda de tensão no momento mais crítico da irrigação”, relata Ótavio Palmeira, produtor rural de Primavera do Leste (238 km). Ele ressalta que falhas no fornecimento de energia podem comprometer uma safra inteira, gerando prejuízos significativos.
Além disso, a baixa qualidade da energia reduz a vida útil dos equipamentos, impactando diretamente a rentabilidade do negócio. Isso força produtores a buscarem alternativas como geradores a diesel, que, apesar de serem uma solução emergencial, elevam os custos operacionais e trazem impactos ambientais.
A energia elétrica, quando comparada a combustíveis fósseis, tem um custo operacional menor no longo prazo. No entanto, os altos investimentos necessários para adequação da infraestrutura elétrica tornam a decisão desafiadora para muitos produtores. Além disso, as tarifas variam de acordo com a região, o que pode comprometer ainda mais o planejamento financeiro das propriedades rurais.
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