Os efeitos do ‘tarifaço’ do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no fundo, já são conhecidos pelo mercado e seus impactos contabilizados pelo agronegócio nacional e, em especial pelo mato-grossense – já que o Estado é o campeão nacional de grãos, fibras e carne bovina. Para o economista Vivaldo Lopes, a China, que é o maior alvo do governo norte-americano, vai se voltar ainda mais ao Brasil e a Mato Grosso, ampliando as compras de soja, milho e carne.
“Eu vejo como uma realidade mesmo, essas medidas do governo norte-americano de taxar produtos chineses vai ter como reciprocidade os chineses também sobretaxando os produtos que eles importam dos Estados Unidos. A medida mais imediata que eu vejo é a China parando de comprar produtos agrícolas americanos. Os chineses compram muito carne de frango, de suíno, bovino, milho e soja dos Estados Unidos. E o que eles vão fazer? Eles vão fazer o que fizeram 2018, quando Trump era o presidente dos Estados Unidos e fez a mesma coisa: tributou os produtos chineses. E o que os chineses fizeram? Eles pararam de comprar produtos americanos”, explicou.
Foi nesse momento, como destaca Lopes, que os chineses se voltaram ao Brasil e hoje são os maiores parceiros comerciais, tanto do Brasil, quanto de Mato Grosso. “Em 2018, a China, imediatamente diminuiu as compras de produtos e commodities agrícolas americanos e passou a comprar mais do Brasil. Tanto é que hoje é o primeiro e principal parceiro comercial de commodities agrícolas da China, do Brasil. Então a leitura é, vai repetir isso. Então a China vai comprar mais soja, vai comprar mais milho, vai comprar mais carne bovina, de frango. Esse é o primeiro impacto, comprar mais do Brasil, beneficiando a economia de Mato Grosso, porque nós somos o principal produtor da demanda chinesa”.
Ainda como frisa Vivaldo Lopes, a taxação sobre a China tem tudo para beneficiar Mato Grosso, ampliando as compras do país asiático a partir de agora.
Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Lucas Costa Beber, o país pode aumentar o fornecimento de soja para a China. Hoje, ela representa 52% das exportações e com a guerra comercial em andamento, essa participação pode crescer ainda mais.
O anúncio do novo tarifaço pelo presidente norte-americano Donald Trump, com alíquotas que somam agora 145% sobre produtos chineses, movimenta o mercado internacional e acende alerta para oportunidade de expansão do agronegócio brasileiro. Nesse cenário, o Brasil desponta como alternativa estratégica para suprir a demanda crescente por alimentos, especialmente soja.
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