O relacionamento comercial entre Mato Grosso e os Emirados Árabes Unidos tem grande potencial para se intensificar, bem como a atração de investimentos do país para o Estado. O potencial econômico regional em setores do açúcar, biocombustíveis, madeira e agronegócio foram apenas alguns dos temas relacionados a Mato Grosso que foram citados com frequência por autoridades e investidores árabes ao longo da missão empresarial liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao país.
Empresários de vários estados participaram da Expo Dubai 2020 e de uma série de seminários organizados pela CNI e Apex Brasil, voltados ao networking e ao estreitamento da relação comercial entre os países, buscando atrair investimentos árabes para o Brasil. O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, foi moderador em um dos painéis e identificou grandes oportunidades para o Estado.
“Mato Grosso é destaque em cinco dos principais produtos exportados do Brasil para os Emirados – carne bovina e de frango, açúcar, ouro e madeira. Também lideramos em áreas que começam a despertar o interesse do país, como biocombustíveis. São inúmeras as oportunidades para as quais precisamos nos posicionar”, afirma. A ideia é buscar a ampliação do relacionamento comercial, a partir dos contatos realizados na missão.
SUSTENTABILIDADE E AMAZÔNIA – Após participar da conferência do clima (COP-26), seguida da missão em Dubai, o presidente reforça a avaliação de que Mato Grosso tem potencial para ser carro-chefe da economia verde no mundo. “O ex-presidente Michel Temer citou Mato Grosso como exemplo de tecnologia aplicada ao agronegócio, autoridades árabes e brasileiras destacaram nossos produtos, até a culinária regional foi destaque. No comércio, o tema da sustentabilidade aparece em quase todas as vitrines, que destacam o uso de materiais recicláveis e de baixo carbono, uso racional da água, fontes renováveis de energia, uso de produtos naturais etc”, relata.
Ele destaca ainda o quanto a marca ‘Amazônia’ é utilizada comercialmente no exterior. “Bebidas alcoólicas, cosméticos, alimentos: o apelo ao nome da Amazônia é usado para agregar valor a produtos que muitas vezes não têm nenhuma relação com o Brasil. Nós assumimos o passivo pelas queimadas e desmatamento e precisamos aproveitar melhor o enorme ativo que temos nas mãos”.
MOBILIDADE – O futuro dos automóveis é outra aposta que pode beneficiar a economia de Mato Grosso. Embora os carros elétricos dominem o debate quando se pensa em reduzir combustíveis fósseis, o uso do hidrogênio ganha cada vez mais espaço, produzido a partir de energias renováveis – e o melhor depósito de hidrogênio é o etanol, que com uma molécula produz seis do combustível.
“É preciso lembrar que não existe ganho em descarbonização se um veículo elétrico depende de energia a base de carvão, por exemplo. Os veículos elétricos podem ser uma boa opção onde existe infraestrutura e geração limpa. Já o hidrogênio e os biocombustíveis despertam como alternativas viáveis tanto sob o ponto de vista técnico quanto econômico e ambiental – e isso nos interessa diretamente”, afirma Gustavo.
AGENDA ESG – Para ele, a participação nos dois eventos reforçou a importância do compromisso assumido por Mato Grosso com a neutralização das emissões de gases efeito estufa e a necessidade de adesão do setor produtivo à agenda de governança corporativa, ambiental e social, resumida na sigla ESG.
“Está muito claro que esse alinhamento é uma questão de perenidade e de sobrevivência no mercado. E a Fiemt vai liderar essa agenda junto às indústrias de Mato Grosso, buscando parcerias, apoio e conexões com investidores, para que nossos empresários estejam preparados para aproveitar as oportunidades que esse desafio nos traz”, finaliza.