O Brasil se prepara para colher uma safra histórica de soja em 2024/25, com projeções divulgadas nos últimos dias pela Conab que indicam um volume superior a 166 milhões de toneladas, e que consolidam sua posição como líder global no setor. Esse marco reflete o aumento da área plantada e o avanço tecnológico no campo. Contudo, o otimismo com os números recordes expõe uma fragilidade crônica: a insuficiência da capacidade estática de armazenagem, que permanece em torno de 180 milhões de toneladas, frente à expectativa de uma produção total de grãos que pode ultrapassar 322 milhões de toneladas segundo a Companhia.
Esse descompasso coloca os agricultores sob intensa pressão para evitar perdas significativas, especialmente em regiões onde a infraestrutura é limitada, como no Centro-Oeste. “A concentração da colheita em períodos curtos intensifica ainda mais a situação, sobrecarregando rodovias, armazéns e portos”, explica Rose Branco, gerente comercial Agro na Nortène.
Diante da alta produção e da infraestrutura limitada, o risco de soja armazenada a “céu aberto” surge como uma possibilidade em cenários extremos, mas que aconteceram nos últimos anos em algumas regiões. No entanto, a gerente aponta que alternativas devem ser priorizadas para evitar perdas significativas. “Entre as medidas emergenciais, destaca-se o remanejamento de estoques, como a retirada de milho dos armazéns para abrir espaço para a soja. Além disso, a utilização do silo bolsa aparece como uma solução prática e eficaz para o armazenamento temporário nas propriedades”, diz.
IMPACTOS LOGÍSTICOS E ECONÔMICOS – A logística brasileira enfrenta um cenário de pressão. A frota de transporte rodoviário e ferroviário não acompanhou o aumento da produção agrícola dos últimos anos, gerando filas em armazéns e portos e de quebra aumentando o custo do frete. Em regiões como Rondonópolis, em Mato Grosso, o preço do transporte pode subir até R$ 6 por saca, reduzindo a rentabilidade dos produtores no mercado interno.
Além disso, a concentração da colheita devido ao atraso no plantio, especialmente no Centro-Oeste, deve acelerar o ritmo de comercialização, criando um efeito dominó nos custos logísticos.
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