O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), o produtor mato-grossense, Guilherme Nolasco, participou de reuniões na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília. O encontro marcou a abertura dos trabalhos em 2022 e foi uma oportunidade para falar sobre a situação das lavouras no país, sobretudo na região Sul.
A Unem defende que haja celeridade na tramitação da MPV 1071/2021, que reduz a alíquota do PIS/COFINS para importação do milho.
Diante das perspectivas de redução de safra de milho em decorrência da estiagem que atingiu as lavouras do Sul e de Mato Grosso do Sul (MS), a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) defende a celeridade na tramitação da Medida Provisória 1071/2021. A proposta do Poder Executivo, apresentada pela Presidência da República, propõe a redução das alíquotas do PIS/COFINS incidentes na importação do milho.
A medida é uma alternativa proposta como forma de reequilibrar ao abastecimento de milho e atender à demanda interna. Na safra 2020/2021, o Brasil registrou uma importante perda de produção do grão em decorrência de fatores climáticos. Isso fez com que os preços atingissem patamares nunca antes registrados, rompendo a casa dos três dígitos.
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De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2020/21 foi 17% inferior à safra 2019/20, passando de 102,5 milhões de toneladas para 87 milhões de toneladas. Para o atual período, era previsto um acréscimo de 29% na produção, cenário que deverá ser revisto nos próximos levantamentos.
O presidente executivo da Unem, Guilherme Linares Nolasco, afirma que o caminho para manter os estoques equilibrados e o abastecimento interno é dar condições para que o mercado importe grãos de outros países. “Há como trazer milho do Paraguai e da Argentina, mas é preciso reduzir a alíquota para viabilizar a operação. O caminho está na desoneração, não na taxação”.
Mato Grosso, maior produtor nacional do cereal, tem perspectivas de safra recorde para o atual ciclo, podendo ofertar mais milho do que soja, avolumando cerca de 39 milhões de toneladas, conforme divulgado recentemente pelo MT Econômico. Apesar da boa projeção, o setor contabilizou perdas no ano passado, quando a produtividade marcou o quarto menor rendimento por hectare desde 2017/18, consolidando 92,65 sacas por hectare.
Como destacam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os problemas na safra passada do milho levaram à variação de preços da saca, que além da influencia do câmbio valorizado, ainda refletiu a escassez. O preço médio do milho disponível em no EStado apresentou uma alta de 64,65% em 2021 ante o ano anterior, ficando cotado na média de R$ 71,20/sc.
O milho iniciou 2021 com projeções recordes para a produção em Mato Grosso. No entanto, a semeadura do cereal foi “empurrada” para fora da janela ideal, devido ao atraso das chuvas em 2020. Somado a isso, o baixo índice pluviométrico nos períodos de maiores exigências hídricas da cultura comprometeu a produtividade. Diante disso, a produção de milho no Estado foi consolidada em 32,56 milhões de t, queda de 8,14% em relação à temporada 19/20.
Por outro lado, mesmo com a redução na oferta, a demanda no estado apresentou alta ante a temporada passada, pautada pela ampliação na capacidade produtiva das indústrias de etanol à base de milho. Seguindo o mesmo cenário, o consumo interestadual apresentou um incremento ante a safra passada, devido à menor produção nos demais estados do país.
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