O Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) foi convidado para fazer parte do Grupo de Trabalho de Comércio Internacional da ITTO, considerado um dos mais importantes espaços mundiais de diálogo sobre madeira nativa e que, até então, não tinha nenhum representante brasileiro.
A instituição está participando, nesta semana, do encontro anual da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO), organização intergovernamental que promove a conservação de recursos florestais tropicais, seu manejo, uso e comércio sustentáveis, realizado em Yokohama, no Japão.
A oportunidade surgiu após uma apresentação feita pelo vice-presidente do Cipem, Gleisson Tagliari, que falou sobre iniciativas de promoção da madeira tropical no setor privado, com foco nas oportunidades de colaboração e estratégias adotadas na promoção de produtos e subprodutos de madeira nativa. “Este é um espaço importante para o setor, por isso, aproveitamos para apresentarmos o potencial da indústria florestal mato-grossense para atender o mercado internacional de madeira com origem sustentável”, frisou.
Durante o evento, o maior interesse dos representantes internacionais foi conhecer os mecanismos de controle ambiental da madeira nativa. Neste sentido, Tagliari apresentou o arcabouço de leis, normas e decretos que o setor de base florestal precisa cumprir. De forma resumida, esse processo envolve, pelo menos, seis etapas distintas, para cada carga de madeira: Cadastro Ambiental Rural (CAR), Licença Florestal, Autorização de Exploração Florestal, Licença de Operação da Indústria, Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais (CC-Sema) e Guia Florestal.
Além disso, o controle e a fiscalização são feitos por órgãos governamentais do Estado e da União, simultaneamente. “O setor de base florestal é o segmento produtivo com maior rigor no monitoramento das atividades. Da licença para a exploração até o controle do estoque de produtos, tudo passa por inúmeras etapas de fiscalização para garantir a legalidade”, relatou o vice-presidente do Cipem.
Para exemplificar, Tagliari apresentou o trabalho da Fazenda Sinopema, localizada no município de Tabaporã, região norte do estado, que possui uma área de 52 mil hectares de floresta conservada e que está apta a passar pelo pelo segundo ciclo de corte, 25 anos após a primeira colheita. “Isso também demonstra a sustentabilidade do Manejo Florestal e o quanto a atividade contribui, realmente, para a conservação da floresta amazônica”, ressaltou. (saiba mais aqui)
Ao final, os representantes da ITTO pediram sugestões de como podem apoiar o setor florestal no estado. Tagliari citou como possibilidades, o custeio de pesquisas específicas para o setor de florestas tropicais, como mensuração de carbono e valoração dos ativos florestais, campanhas de comunicação e marketing para demonstrar a robustez do sistema de comando e controle que garante a legalidade da madeira nativa brasileira, e a abertura de espaços internacionais para apresentação do setor.
O Brasil possui a maior extensão de florestas tropicais contínuas do planeta graças a floresta amazônica, que totaliza 3,5 milhões de km² de área verde. O Ministério do Meio Ambiente estima que 69% dessa área (2,41 milhões de km²) tenha potencial produtivo, o que equivale a sete vezes o tamanho do Japão.
Mato Grosso é o segundo estado brasileiro com maior volume de produção. Em 2017, esse total foi de 5,3 milhões de metros cúbicos (m³). Deste total, cerca de 70% foi para o mercado interno e quase 30% do volume de vendas realizadas (1,2 milhões de m³) foram exportados. Entre os destinos principais da produção de madeira nativa de Mato Grosso estão: consumidor final (40%), construção civil (20%) e produção industrial (15%).
O encontro anual da Organização Internacional de Madeiras Tropicais é um evento protocolar que teve início no dia 05 e terminou no dia 09 deste mês, registrando a participação de representantes formais de 76 países.