Quem quer acertar na hora da compra do carro usado? Confira dicas de especialistas do meio como: vendedores de lojas multimarcas e avaliadores de concessionária para sair com carro usado com cara de novo.
CARROCERIA
• Nunca inspecione o carro em dia de chuva: as gotas de água escondem as imperfeições de lataria ou pintura. Evite ainda o sol do meio-dia ou do fim da tarde, o que dificulta a avaliação.
• Observe os encaixes de portas, capô e tampa do porta-malas. Eles devem estar alinhados. Todos os vãos devem ter espaços iguais e as portas não devem raspar nos batentes. Qualquer diferença pode indicar que o carro foi batido.
• Passe o dedo no vão das portas. A distância tem de ser a mesma em toda a extensão e em todas as portas. Se um lado tiver espaçamento menor que outro, o carro pode ter sido batido e mal desamassado. Pode até ter problemas de alinhamento.
• Diferença de tom da pintura externa em relação à interna (em geral em portas ou batentes) é um indício importante. Essa diferença tem de existir, pois por fora o carro é envernizado e brilha mais. Na lataria interna, a cor é mais fosca. Alguns funileiros deixam tudo no mesmo tom, denunciando o reparo.
• Olhe o carro de frente, encostando o rosto no para-lama e analisando toda a lateral. Esse recurso é eficiente para descobrir diferenças de textura na tinta, desalinhamento das portas ou pequenos amassados na chapa.
• Pontos de tinta bem pequenos em lanternas, faróis, grades e para-choques denunciam uma repintura. Há oficinas que, em vez de desmontar a lataria, apenas empapelam essas peças para ganhar tempo.
• Abra o porta-malas e levante o estepe. Se o lugar onde fica o pneu estiver oval ou amassado, pode ter sido mal consertado após uma batida na traseira.
• No teto do automóvel, quase sempre há três borrachas que denunciam uma nova pintura: a da junção entre para-brisa e capota e as que escondem a emenda do teto com as laterais. Levante um pedacinho e veja ou apenas passe o dedo por baixo da borracha. A diferença de tonalidade e o “degrau” entre a tinta nova e a tinta antiga vão revelar que a lataria já foi pintada.
• Retire as borrachas que ficam em volta dos batentes das portas, que são apenas encaixadas. Você encontrará os pontos de solda originais de fábrica. A distância entre eles costuma variar entre 5 e 10 centímetros. Se não houver ou faltarem alguns pontos, é porque a lataria foi reparada. Tem oficina que até cola as borrachas para evitar que elas possam ser retiradas, escondendo assim o conserto.
• Confira se todos os números do chassi que estão gravados nos vidros são os mesmos do carro e do documento. Há alguns falsificadores que não remarcam os vidros, porque geralmente ninguém se lembra de checá-los. Confira também se o desenho das letras é igual em todas as marcações. Dificilmente as empresas de gravação conseguem reproduzir o mesmo padrão em um novo vidro.
MECÂNICA
• Ligue o carro e veja se ele demora para dar a partida. Se isso acontecer, pode haver folga no motor.
• Retire a vareta do óleo e confira se ele não está esbranquiçado (sinal de mistura com água).
• O motor está sem nenhuma gota de óleo ou marca de poeira? Cuidado. A lavagem completa pode ser um truque para esconder vazamentos.
• No test-drive, cheque se durante a frenagem não há ruído (sinal de pastilha gasta) ou se o carro não pende para um lado (indicador de problemas). Passe em ruas de paralelepípedo para verificar se a suspensão não tem ruídos estranhos.
• Confira se os pneus estão desgastados por igual, se são da mesma marca e do mesmo lote. Em carros com quilometragem mais baixa (menos de 30 000 km), não há por que eles terem sido trocados, o que pode ser indício de adulteração do hodômetro. Se eles tiverem medidas diferentes, fuja correndo. É uma prova de que o dono não era cuidadoso.
• Peça para ir a um posto de gasolina. Por menos de 5 reais, o frentista põe o automóvel num elevador hidráulico, permitindo uma checagem da parte inferior. É hora de procurar marcas de soldas ou trincas no monobloco, um escapamento enferrujado ou vazamentos de óleo.
• Escapamento tem de estar preto de fuligem. Se estiver melado de óleo, é porque o motor precisa de conserto. Fumaça azulada também é mau sinal.
INTERIOR
• Dentro do carro, veja o hodômetro – muitos são adulterados. Cheque o pedal de freio. Se estiver muito desgastado, é porque deve ter mais de 60 000 ou 70 000 km. O mesmo vale para volante e câmbio, se estiverem muito lisos, sem a rugosidade do plástico. A regra não vale para couro, que se desgasta mais rapidamente.
• Em carro com airbag, gire a chave e olhe no quadro de instrumentos. A luz do airbag deve se acender por alguns segundos e depois se apagar, indicando que tudo está em ordem. Se não acender, há algo errado. Há casos em que o dono bate, repara o painel, desliga a luz ali e não instala um novo airbag.
• Verifique se os bancos estão firmes e não apresentam desgaste irregular. Cheque no porta-luvas se o manual está lá e se o vendedor tem a chave-reserva. Isso diz muito sobre a maneira como o automóvel foi cuidado.
• Não se esqueça de testar ar-condicionado e vidros elétricos, bem como de checar se todas as luzes do veículo acendem apropriadamente. Evite dores de cabeça depois.
• Uma forma de descobrir se o carro é roubado é pelos cintos de segurança, onde há uma etiqueta com o ano de fabricação. O ano do documento deve ser o mesmo da etiqueta.
DEIXA COM ELES
Se você é desses que não têm paciência para fazer uma inspeção por conta própria ou não entendem nada do assunto, não se desespere. Há empresas especializadas em vistoria técnica. E nem é tão caro. Dependendo da análise, pode custar entre 120 e 300 reais. São verificados todos os dados de procedência a partir de uma série de informações de uma base de dados.
Após esse pente fino, dependendo do serviço contratado, o proprietário do veículo recebe uma garantia de três anos de que não há registro de roubo ou furto anterior. Também descobrem se o carro foi reparado, se houve pintura malfeita, se existem trincas, problemas na parte estrutural ou no número de motor, chassi, carroceria, entre outros.
É um serviço usado por quem vende (para valorizar o veículo) e por quem compra (para não cair numa roubada). Por meio de bancos de dados integrados, essas empresas cruzam informações e verificam vários itens, como históricos de acidente e roubo, se o carro já esteve em leilões, quilometragem real e as condições do veículo.