Hoje em dia, a preocupação da sociedade e das empresas geradoras de energia é maior em relação à consciência ambiental. Além disso, os órgãos de controle estão cada vez mais rígidos para fiscalizar a instalação de empreendimentos industriais. Com isso, aumentaram também os custos socioambientais e investimentos em programas para minimizar os impactos na natureza com a instalação de geradoras de energia, como as hidrelétricas por exemplo.
O representante do Instituto Acende Brasil, Alexandre Uhlig, explica que os custos socioambientais saltaram de cerca de 5% do valor total de instalação de uma hidrelétrica, nos anos 90, para cerca de 20% atualmente. A palestra de Alexandre fez parte da programação do segundo dia de atividades do Seminário de Energia – Ideias Sustentáveis e Eficiência Energética, promovido pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia).
Tais custos englobam valores para a desapropriação da área, estudos de impacto para a inundação do local, controles que atestem o que a barragem pode representar para a região, além das análises periódicas que devem ser realizadas para assegurar a qualidade da água do rio explorado.
“Inúmeras pessoas não tem informação de como é o funcionamento de uma hidrelétrica e às vezes esses dados também são repassados de forma desencontrada. Muita gente acha que hidrelétrica consome água e isso não é verdade”, ressalta Alexandre.
O pesquisador conta que todas as fontes de geração de energia geram algum tipo de impacto no meio ambiente, no entanto, as hidrelétricas afetam menos o ecossistema do que as pessoas pensam, principalmente por existir diversos projetos de recuperação ambiental e mitigação. “Toda fonte de geração de energia possui impacto, seja ela solar, eólica ou hidrelétrica. Mas por outro lado, são implementados programas socioambientais que chegam a 20% do custo do empreendimento com o objetivo de minimizar esses impactos. É realizado um estudo para constatar se a instalação vai gerar mais benefício do que de prejuízo”, explica Alexandre à reportagem do Mato Grosso Econômico.
Alexandre ressalta ainda que 40% do potencial de exploração da energia hidrelétrica já foi utilizado e que o restante economicamente viável deve ser extinto até 2035. Até lá, outras fontes de energia devem ser adotadas para suprir a demanda energética da população e complementar as hidrelétricas. “Em números, do potencial de 250 GW, já foram explorados 100 e ainda restam 50, pois os outros 100 estão em unidades de conservação e não podem ser explorados e também seria economicamente inviável.
Durante o evento, o vice-governador de Mato Grosso, Carlos Fávaro, disse que o Estado tem buscado dar celeridade na regularização das propriedades e também, trabalhado na intensificação da fiscalização da degradação ambiental.
Conforme contou, foram identificados 10 municípios em Mato Grosso onde há maior volume de degradação do meio ambiente e disse que vai intensificar a fiscalização nessas áreas. Se antes os grandes latifundiários eram os vilões das matas, agora os donos de pequenas propriedades é que estão derrubando florestas, principalmente em assentamentos rurais do noroeste de Mato Grosso.
Fávaro declarou que a secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sema) está trabalhando em uma força-tarefa para combater as irregularidades e modernizando a gestão dos processos para melhorar a produtividade do trabalho da secretaria.