O saldo das operações de crédito deverá crescer, ao menos, 13,9% em 2021, acima da revisão de novembro passado, que apontava aumento de 12,7%. Após o crescimento atípico registrado em 2020 e 2021, a carteira total de crédito continuará em expansão em 2022, mas naturalmente em ritmo próximo ao período pré-pandemia (6,5% em 2019), e deverá se elevar em 6,7% neste ano de 2022, revela a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas. Essa expansão esperada para 2022 é menor do que a apurada em levantamento anterior, que estava em 7,3%, e está em linha com a redução, pelo Banco Central, das estimativas de crescimento do PIB em 2022 (de 2,1% para 1%) e também decorre da elevada base de comparação (forte e surpreendente expansão em 2021).
A Pesquisa Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento foi realizado entre os dias 15 e 21 de dezembro e reuniu as percepções de 18 bancos sobre a última Ata do Copom e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.
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A pesquisa mostra que as estimativas para a carteira total de crédito em 2021 estão abaixo da nova projeção do Banco Central, que passou de crescimento de 12,6% para 14,6%, reforçando a expectativa de alguma acomodação em relação ao ritmo atual de expansão de crédito (de 16% em outubro), mas ainda sim com um resultado bastante expressivo.
A revisão positiva para o desempenho do crédito em 2021 ocorreu tanto entre recursos livres quanto nos direcionados. Os participantes da pesquisa esperam um crescimento maior para a carteira Livre (de +14,8% para 16,3%), impulsionada pelas altas do segmento Pessoa Física Livre (de +16,9% para +18,8%) e Pessoa Jurídica Livre (de +12,7% para +13,9%). A perspectiva para a carteira com recursos direcionados também foi revisada para cima (de +8,1% para 10%).
“Mesmo em um cenário de continuidade da pandemia da Covid 19, o crédito, em 2021, assim como já tinha acontecido em 2020, funcionou como uma espécie de muro de contenção na preservação da atividade econômica. Os bancos irrigaram a economia com forte expansão de sua carteira, especialmente no crédito destinado às famílias, que se acelerou com a reabertura das atividades econômicas em decorrência principalmente do avanço da vacinação no país”, avalia o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg. “Entretanto, as estimativas para 2022 mostram que teremos um ano com maior acomodação do ritmo de crescimento do crédito, refletindo a piora das perspectivas econômicas e as condições financeiras mais adversas, com alta mais acentuada da Selic para conter a inflação”, acrescenta.
O levantamento mostra que, para 2022, houve revisão no crédito destinado às famílias, especialmente no crédito pessoal, que passou de alta de 10,5% para 10,2%, e uma ligeira piora na estimativa da taxa de inadimplência da carteira livre, que subiu de 3,7% para 3,8%.
INFLAÇÃO E PIB – Ainda segundo a pesquisa, 50% dos participantes acreditam que é baixa a possibilidade de cumprimento da meta de inflação em 2022, com a taxa convergindo para o centro da meta apenas em 2023. Em relação ao desempenho do PIB de 2022, apesar das recentes revisões baixistas, a grande maioria (83,3%) dos participantes ainda espera crescimento econômico no ano (em torno de 1%). Para a minoria dos entrevistados (16,7%), a expectativa é de recessão.
SELIC – De acordo com a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, a maioria (72,2%) dos participantes entendeu como adequado o ajuste de 1,5 ponto percentual da Selic pelo Copom em sua última reunião. O Comitê deverá manter o ritmo de elevação de 1,5 ponto percentual nas próximas duas reuniões (fevereiro e março de 22) e finalizar o ciclo de ajuste em 11,75%.
DÍVIDA PÚBLICA – A grande maioria (88,9%) dos participantes avalia como desfavorável a trajetória para a dívida pública. O arrefecimento da atividade econômica, a elevação dos juros e maiores gastos devem pressionar a razão dívida/PIB em 2022, mantendo-a em alta nos próximos anos.
CÂMBIO – Para o câmbio, a expectativa é de certa depreciação ao longo do 1º semestre de 2022, chegando ao patamar de R$/US$5,70.
CENÁRIO INTERNACIONAL E ECONOMIA DOMÉSTICA – A Pesquisa de Economia Bancária também mostra que não houve consenso em relação ao impacto esperado do cenário internacional sobre a economia doméstica no 1º semestre de 2022. Para 50%, o cenário deve ser negativo, enquanto para 44,4% será neutro. Apenas 5,6% vê o cenário internacional como positivo.