Evento realizado em Cuiabá, na semana passada, reuniu especialistas renomados, grandes empresários e profissionais do setor automotivo para debater as perspectivas para 2023. Para o próximo ano, a inflação deve ceder o setor não deverá mais ter problemas com reposição de componentes eletrônicos, escassez que marcou o mercado no período pandêmico e conflito na Europa.
A abordagem de assuntos de interesse do segmento neste momento é de suma importância, considerando o histórico recente de queda nas vendas causada, principalmente, pela diminuição da produção de carros devido à falta de suprimentos importados durante a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e também pelos impactos da pandemia da Covid-19.
Mas, embora o cenário econômico do Brasil ainda não esteja totalmente desenhado neste período de transição de governo, os economistas avaliam que a tendência é melhorar no próximo ano. Especialistas em economia traçaram o futuro da economia global e nacional e avaliaram no que isso pode impactar para o mercado automotivo.
Na análise de Fernando Schüler, que é articulista da revista Veja e consultor de empresas, o Brasil tende a atrair mais investimentos de empresas internacionais, mas para isso precisa continuar fazendo algumas mudanças. “Tem muita gente querendo investir no Brasil, porque é um país jovem, é um país democrático, e é preciso dar segurança jurídica de que a legislação não vai mudar toda hora que o investimento vem. As reformas estruturais vêm produzindo resultados interessantes”, analisou.
Já o economista Caio Rostirolla, que é especialista em economia internacional do Sicredi, avaliou que a queda na inflação é um ponto positivo para a retomada da economia. “Uma boa notícia é que a queda da inflação no mundo está em curso. A inflação deve cair de 7% para 5%, é o que a gente prevê. Mas o mundo caminha para a recessão e o ponto positivo para o setor é que essa pressão começa a dar um alívio nas cadeias produtivas“, pontuou.
O crescimento do Brasil em 2022 surpreendeu até os mais otimistas, segundo Caio. No início do ano, a maioria dos economistas analisava que o Brasil cresceria 0,6% este ano e o percentual atingiu quase 3%.
O presidente da Fenabrave nacional, José Maurício Andreta Júnior, destacou importantes dados para o mercado de veículos automotivos e as perspectivas para o ano que vem. “Em 2023, a gente não vai ter esses problemas que afetem tanto a logística. A falta de componentes, falta de chips, já está sendo normalizada e isso vai nos ajudar muito a ter o ‘just in time’ da forma como nós precisamos”, pontuou Andreta.
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As concessionárias geram mais de 300 mil empregos diretos no país. O número representa o triplo da quantidade de empregos criados pelas montadoras de veículos.
Na palestra Novo código da Cultura: Transformação organizacional em uma era de rupturas, o fundador da plataforma de conhecimento sobre gestão HSM e autor de best-sellers, José Salibi Neto, destacou que a única maneira das empresas terem sucesso é inovar e investindo em melhorias aos colaboradores, citando como exemplo a criação de um cargo de direção de Saúde Mental, na Ambev.
“O principal desafio não é a tecnologia, mas a cultura da empresa. A cultura errada destrói até mesmo as melhores estratégias. É preciso construir um modo de trabalhar que possa distinguir a sua empresa da dos seus concorrentes”, fundamentou.
Para ele, não basta investir em tecnologia se a equipe não está motivada e exemplificou como erro comum cometido pelas empresas que é investir mais em ferramentas materiais do que nas equipes. “Transformação cultural dá resultado. Tecnologia a gente compra, mas comportamento não. Às vezes priorizamos investimentos em equipamentos mais do que em pessoal”, afirmou Salibi.
O evento cumpriu com o objetivo previsto inicialmente, segundo o presidente da Fenabrave/MT, Paulo Boscolo, que era conectar pessoas que atuam no segmento, promover um valioso network entre os profissionais de diversas marcas. “Os nossos propósitos foram atingidos com sucesso”, declarou, no encerramento.