Mesmo taxa básica de juros estando em níveis historicamente baixos, a queda ainda não foi plenamente percebida nos custos dos empréstimos. Essa é uma crítica das entidades empresariais sobre a demora para os juros baixos chegarem ao consumidor final.
Nesta quarta-feira, pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve os juros básicos da economia, atualmente em 6,5% ao ano.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) salientou que os juros reais brasileiros ainda estão muito altos, se comparados à média internacional, afetando a competitividade do país. “A questão primordial, porém, é que a queda da taxa básica de juros não chegou na mesma proporção às operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas, pois os spreads bancários continuam muito elevados, apesar da leve trajetória descendente atual”, destacou a entidade.
De acordo com a Abit, estima-se que famílias, empresas e governos deverão pagar, neste ano, cerca de R$ 800 bilhões em juros, “o que caracteriza uma transferência brutal de renda, que tira dinheiro dos setores produtivos e do consumo, mitigando o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país]”.
A Associação Brasileira da Indústria Gráfica cobrou ações do Banco Central para que a taxa de juros real seja reduzida a patamares compatíveis com a Selic. De acordo com a entidade, os bancos praticam taxas de crédito muito altas, e isso impede novos investimentos para aumentar a competitividade e elimina a chance das empresas renegociarem suas dívidas.
“Todo o mercado bate na mesma tecla, e o BC [Banco Central] não age. Adotar o Cadastro Positivo, atrair bancos estrangeiros para operar no país e incentivar o crédito via internet são apenas algumas das ferramentas que o governo dispõe para ajudar o setor produtivo a crescer”, destacou em nota.