Um levantamento feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apota que o abate de bovinos reduziu em 77% dos municípios mato-grossenses.
Essa queda foi observada em 108 das 141 cidades do Estado, com destaque para Vila Bela da Santíssima Trindade, São José do Xingu, Cáceres, Barra do Bugres e Pedra Preta. Somente nestas 5 localidades houve baixa de 20,250 mil bovinos abatidos de março para abril. No cômputo total, foram abatidos 83,130 mil bovinos a menos no Estado, pela mesma base comparativa. O levantamento é do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).
Ampliado o recorte para as 10 localidades com maior redução inclui-se, ainda, os municípios de Porto Esperidião, Confresa, Nova Mutum, Pontes e Lacerda e Cocalinho. Comparada a quantidade de abates em abril com março, nota-se que a maior redução ocorreu em Nova Mutum (75,3%). Numa análise direta atribui-se o recuo à Operação Carne Fraca. Segundo o Imea, mesmo onde as empresas frigoríficas não concederam férias coletivas ou paralisações, como é o caso das regiões Oeste, Nordeste e Médio-Norte do Estado, o abate recuou.
Para os analistas do instituto, o movimento de retração nos abates demonstra “uma possível efetividade na estratégia de pecuaristas de ‘segurar gado’”. Essa medida começou a ser adotada após a desvalorização do gado. Atualmente, a arroba do boi gordo está cotada na média de R$ 125 em Mato Grosso, ante a média de R$ 131,61/arroba no mesmo período de 2016. “O abate reduziu, sim, e muito, no mês passado”, confirma o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT), Paulo Bellincanta.
Conforme ele, a desaceleração foi ocasionada pela falta de oferta de animais e não por incapacidade da indústria em abater. Além da retração na demanda pelo produto, a oferta de animais recuou. “Com isso, aumentou a ociosidade das empresas e o resultado financeiro das indústrias foi ruim no último mês”. Em Mato Grosso, as empresas do segmento operam com ociosidade média de 35%, que subiu para 42% em abril.
“O preço não reage porque o consumo não reagiu”, explica Bellincanta. Segundo ele, este é um problema que persiste no mercado e que poderá ser revertido, parcialmente, com a valorização do dólar. “Este mês o consumo continua muito fraco. Existe uma luz no túnel se olharmos para a possibilidade de vendas no mês que vem. A alta do dólar nos faz prever uma retomada nos volumes para exportação”, projeta. Essa perspectiva pode trazer efeito de elevação no preço da arroba do gado, conclui.